Rússia suspeita que cartel seja causa de queda nos preços do petróleo

O primeiro-ministro e ex-presidente russo Dimitri Medvedev afirmou que um acordo do tipo cartel pode ser a causa da queda histórica nos preços do petróleo.

"O que vemos em relação aos contratos futuros de petróleo lembra muito um acordo do tipo cartel", escreveu Medvedev em sua página no Facebook.

"Considerando a nossa experiência no setor de gás, sugerimos a venda de petróleo com base em 'take or pay'. Estamos prontos para discutir essa opção com nossos parceiros", acrescentou.

Uma cláusula de "take or pay " (levar ou pagar) determina, em um contrato de petróleo, que o comprador concorda em adquirir uma quantidade mínima de óleo, independentemente de suas necessidades para um determinado período.

Em troca, o fornecedor disponibiliza esse volume mínimo na data acordada. Dessa forma, os riscos são compartilhados, como mudanças de preço e variações de demanda.

O valor de um barril de petróleo WTI cotado em Nova York para entrega em maio caiu abaixo de zero nesta segunda-feira (20).

Em uma sessão conturbada, os investidores tentavam desesperadamente despejar seus barris em um mercado saturado. A paralisação econômica causada pela pandemia de coronavírus provocou uma acentuada queda na demanda.

EUA comprará 75 milhões de barris de petróleo para reserva estratégica

Os Estados Unidos comprarão 75 milhões de barris de petróleo para sua reserva estratégica aproveitando a queda histórica de preços, anunciou o presidente Donald Trump nesta segunda-feira.

"Preenchemos nossa reserva estratégica de petróleo (…) e pensamos em colocar até 75 milhões de barris nessa reserva", disse Trump durante sua coletiva de imprensa diária sobre a pandemia de COVID-19.

Em seguida, Trump esclareceu que só comprará tal volume se o Congresso autorizar o gasto ou se os Estados Unidos abrirem a terceiros sua capacidade de estoque.

Os preços do petróleo despencaram nesta segunda-feira, com o barril de referência americano fechando muito abaixo de zero, depois que os investidores optaram por pagar para se desfazer da mercadoria.

O presidente havia anunciado no dia 13 de março a sua intenção de preencher a Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) até o limite.

Em 17 de abril, a RPR continha 635 milhões de barris do seu atual limite autorizado de 713,5 milhões de barris.

Armazenado em um complexo de quatro locais subterrâneos ao longo das costas do Golfo do Texas e da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, a SPR tem uma capacidade total de armazenamento de 727 milhões de barris.

Esse petróleo é destinado ao uso em situações de emergência, como aconteceu na Guerra do Iraque de 1991 ou em 2005 após o furacão Katrina.

Nos últimos anos, ocorreram vendas ocasionais desta reserva para reforçar o caixa do Estado.

O valor do barril de petróleo cotado em Nova York (WTI) para entrega em maio caiu após um pregão marcado por um mercado saturado, um fenômeno agravado pela baixa demanda decorrente da pandemia de COVID-19.

A magnitude sem precedentes desta queda se deve, em grande parte, a fatores técnicos associados ao fato de que os contratos para entrega em maio expiram nesta terça-feira, o que provocou uma corrida para venda.

O preço barril de petróleo WTI, que estava sendo negociado a US$ 60 por unidade no início deste ano e a US$ 18,27 na tarde de sexta-feira, despencou nesta segunda-feira, fechando em -37,63 dólares.

Isso significa que muitos pagam para se livrar desse petróleo bruto, caro demais para ser armazenado. "E pagaram caro", avalia Louise Dickson, especialista em mercado de petróleo da Rystad Energy.

O petróleo nunca caiu abaixo de US$ 10 desde que esses contratos futuros foram criados em 1983.

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