CHINA – Estrutura de liderança mais velha e conservadora

Por Ben Blanchard e Sui-Lee Wee


PEQUIM, 15 Nov (Reuters) – O Partido Comunista Chinês revelou uma estrutura de liderança mais velha e conservadora nesta quinta-feira, a qual parece improvável que tomará ações drásticas necessárias para atuar firmemente em questões urgentes como agitações populares, degradação ambiental e corrupção.

O novo chefe do partido, Xi Jinping, o vice-primeiro-ministro, Li Keqiang, e o vice-premier encarregado dos assuntos econômicos, Wang Qishan, todos indicados conforme o esperado para a o Comitê Permanente do Politburo, o círculo máximo de poder, são considerados políticos cautelosos.

Os outros quatro membros do comitê têm reputação de serem conservadores.

A nova cúpula partidária acabou com esperanças de que Xi iniciaria uma liderança que tomaria passos ousados para lidar com a desaceleração econômica na segunda maior economia do mundo, ou começar a afrouxar a mão forte do Partido Comunista na nação mais populosa do mundo.

"Não vamos ver nenhuma reforma política porque muitas pessoas no sistema veem isso como sinais de fraqueza e possível extinção", disse David Shambaugh, diretor do Programa de Políticas da China, na Escola Elliott de Assuntos Internacionais da George Washington University.

"Eles veem isso inteiramente através do prisma da União Soviética, da Primavera Árabe e das revoluções na Ásia Central, então eles não vão seguir esse caminho", acrescentou.

O vice-premier Wang, talvez o mais reformista nessa nova estrutura, recebeu o papel de combater o amplo abuso de poder por oficiais do partido, identificado tanto por Xi quanto pelo presidente Hu Jintao, que está saindo do cargo, como o maior perigo enfrentado pelo partido e pelo Estado chinês.

A corrida para a sucessão tem sido ofuscada pelo maior escândalo envolvendo o partido em décadas, que terminou com o antes notório líder partidário Bo Xilai, chefe do partido na cidade de Chongqing, sudoeste do país, sendo expulso após sua esposa ser acusada de assassinar um empresário britânico.

Bo, que não foi visto em público desde o começo deste ano, enfrenta possíveis acusações de corrupção e abuso de poder.

Uma fonte disse que uma votação informal foi realizada por mais de 200 membros votantes do comitê central do partido para escolher os sete integrantes do comitê permanente, entre 10 candidatos.

Dois deles que tinham fortes credenciais reformistas –o chefe do partido de Guangdong, Wang Yang, e o líder da organização do partido, Li Yuanchao– não foram eleitos, assim como a única candidata mulher, Liu Yandong.

A fonte, que tem laços com a liderança, falou à Reuters em condição de anonimato que Wang e Li Yuanchao, ambos aliados de Hu, não foram escolhidos para o comitê permanente porque os membros mais velhos sentiram que eles eram muito liberais.

Todos os três, no entanto, estão no Politburo de 25 membros, um grupo que fica abaixo do comitê permanente.

"A liderança está dividida", disse Jean-Pierre Cabestan, especialista em política chinesa na Hong Kong Baptist University, acrescentando, no entanto, que a nova estrutura poderia considerar mais fácil obter progresso através de reforma econômica do que com mudanças políticas.

Esta é uma estrutura de comando mais velha, com a idade média do comitê permanente de 63,4 anos, ante a média de 62,1 anos há cinco anos.

Exceto por Xi e seu vice, Li Keqiang, todos os outros no comitê permanente possuem 64 anos ou mais e terão de se aposentar em cinco anos, quando o novo congresso do partido for realizado.

Isso significa que o partido pode ter apenas adiado as reformas mais vitais até lá, embora, após esse período, Xi provavelmente possa ter mais independência na escolha de sua equipe.

A atual estrutura foi finalizada por Xi e Hu, e pelo ex-presidente Jiang Zemin, que tem mantido considerável influência no partido após o tumulto envolver Bo Xilai.

Além de chefe do partido, Xi também foi indicado como chefe do maior comando militar da legenda, o que dá a ele dois dos três mais importantes cargos do país. Ele assumirá o cargo de presidente, detido por Hu, em março.

Jiang, antecessor de Hu, não cedeu o comando militar até dois anos após passar a liderança do partido.

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