O que mudará um porta-aviões chinês?

Vassili Kashin

No entanto, isso significa apenas a conclusão da primeira etapa de preparação no desenvolvimento da marinha chinesa. Em si, a introdução do porta-aviões Liaoning não leva a grandes mudanças no equilíbrio de forças na região, mas prepara o terreno para tais mudanças, diz o analista militar Vassili Kashin.

A tese sobre a necessidade da China em porta-aviões foi apresentada no início dos anos 1980, mas não se esperava que a China fosse competir na construção de uma frota de porta-aviões com os Estados Unidos ou a União Soviética. Se propunham objetivos mais limitados – garantir os interesses da República Popular da China nos mares circundantes. A criação de uma frota oceânica era vista na altura como uma perspectiva muito distante.

No final dos anos 1980 e nos anos 1990 foram dados os primeiros passos no estudo da experiência estrangeira na construção e operação de porta-aviões. Estava sendo estudados modelos e documentos tanto ocidentais como soviéticos, o que mais tarde facilitou a reconstrução do ex-porta-aviões soviético Varyag comprado na Ucrânia em 1998 – foi ele que recebeu depois o nome Liaoning. Atualmente, a marinha Chinesa está colaborando com a frota do Brasil, estudando sua experiência de operar o único porta-aviões brasileiro, São Paulo.

A julgar pelas publicações chinesas disponíveis, a China está implementando um programa multi-etapas de longo prazo para criar uma frota de porta-aviões. Seu estatuto é comparável ao programa espacial tripulado. A conclusão da reconstrução do Varyag é o fim de sua primeira fase.

O tipo de porta-aviões ao qual a Marinha chinesa pretende chegar na sequência da implementação de seu programa de porta-aviões, tem pouco a ver com o Liaoning. Em contraste com o Varyag, a descolagem a partir do qual se realiza com um trampolim, o futuro porta-aviões chinês será equipado com uma catapulta electromagnética. É bem provável que seja um porta-aviões nuclear. Ele vai transportar um grupo aéreo, composto, obviamente, por caças pesados J-15, aviões a jato de treinamento e de combate JL-9, aviões de alerta e controle de longo alcance, helicópteros pesados anti-submarino e helicópteros de busca e resgate.

Os grupos aéreos de ataque também incluirão navios, como os contratorpedeiros em construção do projeto 052D. A China está equipando-os com sistemas de informação e controle prontos para combate, semelhantes a modelos norte-americanos. Deve notar-se que, no passado, os EUA levaram mais de duas décadas desenvolvendo e testando tais sistemas. É claro que a China, usando soluções já comprovadas, poderá avançar mais rápido, mas tendo em conta a enorme escala da tarefa, é pouco provável que o sistema chinês será totalmente pronto a combater já amanhã.

No entanto, este objectivo bem pode ser alcançado.

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