CHINA – Presidente Xi teme o desconhecido em meio à desaceleração econômica

Bloomberg, Pequim

O presidente da China, Xi Jinping, enfatizou a necessidade de manutenção da estabilidade política em um encontro pouco comum dos principais dirigentes do país – mais um sinal de que o partido governante está ficando preocupado com as implicações sociais da desaceleração da economia.

Num "seminário" com os principais dirigentes regionais e ministros em Pequim ontem, Xi disse que o Partido Comunista chinês (PCC) precisava se esforçar mais "para prevenir e resolver grandes riscos", segundo a agência Xinhua. Ele disse que as áreas preocupantes iam desde a política e a ideologia até a economia, o meio ambiente e a situação externa.

"O partido se defronta com testes complexos e de longo prazo em termos de manutenção duradoura do regime, reforma e abertura, uma economia dirigida pelo mercado, e no ambiente externo", disse Xi, segundo a Xinhua. "O partido enfrenta perigos graves e expressivos de um afrouxamento de espírito, falta de competência, distanciamento do povo, e de ser passivo e corrupto. Este é um julgamento geral, baseado na situação atual."

Embora Xi tenha feito alertas semelhantes antes, como em fevereiro de 2018, as declarações de ontem continham indicativos de maior urgência. A menção a "sérias" ameaças ao "longo governo" do PCC pareceu uma novidade. Uma transcrição completa de seus comentários na reunião a portas fechadas não estava disponível.

"Xi está vendo mais e mais luzes vermelhas piscando no seu monitor, conforme as coisas dão errado em muitas frentes", disse Ether Yin, sócio da consultoria Trivium China, com sede em Pequim. "Ele quis chamar a atenção de todo o sistema para isso."

A reunião ocorreu no mesmo dia em que a China divulgou seu menor crescimento trimestral desde o auge da crise financeira mundial em 2009. Os dados ressaltaram as preocupações de que a expansão de várias décadas, que ajudou o PCC a sobreviver à maioria dos demais regimes comunistas, possa estar se esgotando.

Os dirigentes chineses também estão lidando com um EUA mais agressivo, sob o presidente Donald Trump, que impôs tarifas sobre produtos chineses no valor de centenas de bilhões de dólares, agitando mercados ao redor do mundo. Xi enfrenta pressão adicional para resolver essas questões depois de garantir uma alteração constitucional que lhe permite governar indefinidamente.

Os dirigentes comunistas têm pela frente um ano cheio de datas sensíveis, incluindo o 70º aniversário da fundação do país, em 1º de outubro, e o 30º aniversário da repressão aos ativistas pró-democracia na Praça de Tiananmen, em 4 de junho.

"É um coquetel que pode ser explosivo, à medida que o povo percebe que o PC chinês não está mais honrando os compromissos do contrato social", disse Dennis Wilder, professor da Universidade de Georgetown. "A desaceleração da economia para níveis nunca vistos na área de reforma é um terreno desconhecido para esta geração de dirigentes do Partido Comunista.

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