Pela primeira vez, EUA e China realizam exercícios navais juntos

Os Estados Unidos se preparam para realizar, a partir desta quinta-feira e até o dia 1º de agosto, os maiores exercícios navais do mundo, que acontecerão no Havaí e que contarão, pela primeira vez, com a participação da China, além das Marinhas de outros 22 países.

As manobras Rimpac, que usarão a histórica base Pearl Harbor, no Havaí, contarão com cerca de 50 navios, seis submarinos e mais de 200 aeronaves e 26.000 soldados, conforme antecipou o Pentágono em maio. Rimpac é uma abreviação para ‘Rim of the Pacific Exercise’, ou ‘exercício da borda do Pacífico’, em tradução livre.

Entretanto, o que chama mais atenção nesses exercícios militares é a presença da China, que vai enviar a segunda maior frota para as manobras, atrás apenas dos anfitriões. O contingente chinês inclui o contratorpedeiro Haikou, a fragata com mísseis teleguiados Yueyang, a embarcação de abastecimento Qiandaohu, o navio hospital Arca da Paz, dois helicópteros, um cargueiro e um esquadrão de mergulho. O número total de oficiais e soldados que participarão das manobras chega a 1.100, de acordo com a agência oficial de notícias da China, a Xinhua.

Segundo a agência chinesa, o subcomandante da Marinha do país asiático, Xu Hongmeng, afirmou que a participação do Exército Popular de Libertação (EPL) chinês é “parte dos esforços para construir um novo tipo de modelo de contatos” entre as duas maiores potências mundiais e suas Forças Armadas.

Daniel Russel, secretário adjunto da divisão da Ásia Oriental e do Pacífico no Departamento de Estado americano, disse nesta quarta-feira que Washington busca um aprofundamento da cooperação militar com Pequim, em um depoimento no Comitê de Relações Exteriores do Senado sobre o futuro das relações entre EUA e China.

“Isso inclui não só o aprofundamento dos mecanismos de diálogo institucionalizados, mas também o convite aos chineses para que se juntem aos exercícios de cooperação regionais, assim como um aumento das conversas com a China sobre a segurança operacional na região”, disse Russel. O secretário mencionou que a inclusão da China nas manobras Rimpac reflete essa vontade de aproximação e, além disso, que os EUA pretendem continuar com os intercâmbios de alto nível entre as Forças Armadas dos dois países.

O contato entre os Exércitos chinês e americano começou no ano passado, com a organização de encontros de alto nível nos dois países e algumas manobras conjuntas. Porém, a aproximação acontece em um momento de tensões entre EUA e China, devido às contínuas acusações de espionagem cibernética entre os dois países e as disputas de Pequim com vários países vizinhos – alguns deles aliados históricos de Washington, como o Japão – sobre a soberania de alguns territórios na Ásia-Pacífico.

“A Marinha chinesa está aberta à cooperação internacional. Atualmente existem atritos entre China e EUA, como a segurança cibernética e os problemas nos Mares da China Meridional e Oriental, mas aceitamos o convite dos EUA para participar das Rimpac porque é normal ter desavenças”, disse o capitão chinês Zhang Junshe. O Rimpac tem como objetivo apoiar a cooperação e a coordenação entre as Marinhas no mundo para garantir a segurança no tráfego marítimo e a segurança oceânica.

A primeira operação ocorreu em 1971 e, desde então, acontece a cada dois anos no Havaí sob o comando da Frota do Pacífico da Marinha dos Estados Unidos, que tem seu quartel-general em Pearl Harbor – o porto que foi atacado pelos japoneses em 1941 e acelerou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. Além de China e EUA, participam das manobras: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Colômbia, França, Índia, Indonésia, Japão, Malásia, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Coreia do Sul, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Tonga e Grã-Bretanha.

Filipinas – Os EUA irão desmantelar uma força-tarefa de combate ao terrorismo nas Filipinas, composta por centenas de forças de elite, depois de mais de uma década ajudando a combater militantes ligados à Al Qaeda no sul das ilhas. O porta-voz da embaixada dos EUA nas Filipinas, Kurt Hoyer, afirmou que o sucesso da força tarefa fez os planejadores darem início a um plano de transição, no qual ela deixará de existir. Algumas tropas permanecerão para garantir que os militantes não conseguirão se recuperar.

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