Meteorologia a bordo: previsão do tempo em alto-mar

Conheça a atuação dos meteorologistas da Marinha durante as operações navais

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira – Rio de Janeiro, RJ

Enquanto nós estamos acostumados a consultar aplicativos de previsão do tempo e obter informações de forma fácil e rápida, os meteorologistas que trabalham embarcados nos navios da Marinha do Brasil (MB) lidam com a complexidade das condições oceânicas em tempo real. A bordo de navios de guerra, navios de pesquisa, e outras embarcações, o trabalho desempenhado por esses profissionais é essencial para o sucesso das operações no mar.

“A previsão meteorológica é de extrema relevância, pois o ambiente marinho pode ser duramente hostil em condições de mau tempo, impactando com severos danos materiais e até mesmo a perda de vidas”, explica o Capitão-Tenente (Quadro Técnico) David Christian de Lima Ferreira.

Atualmente, o Capitão-Tenente (QT) David serve no Centro de Hidrografia da Marinha. Durante sua carreira na Marinha, ele já atuou como oficial meteorologista embarcado na Fragata “Defensora”, na Corveta “Júlio de Noronha” e no Navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira”; participou de missões no Navio Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, além de ter feito um intercâmbio no navio Buque-Escuela “Cuauhtémoc”, da Armada do México.

São muitos os fatores ambientais que podem influenciar ou comprometer a condução de uma operação no mar, por isso, os meteorologistas trabalham com um grande volume de dados, como imagens de satélite, cartas sinóticas, mapas com modelos numéricos computacionais, observações coletadas em estações fixas, embarcações e boias, dentre outros.

“Durante uma missão da MB, habitualmente o cronograma de atividades é bastante extenso e diverso, envolvendo diferentes níveis de risco. Diante disso, desde a fase de planejamento, o meteorologista pode indicar a melhor época do ano em que a comissão deverá ser conduzida, minimizando assim, a exposição ao risco de tempestades violentas”, explica o Comandante do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira”, Capitão de Fragata Leandro dos Santos Novaes.

A atuação desses profissionais do tempo continua no decorrer da missão. Uma fina camada de nuvens em determinada altitude, se não detectada, pode impedir a visualização de um alvo luminoso em um exercício de tiro, acarretando desperdício de tempo e de material. Por isso, é feito o acompanhamento permanente da evolução das condições de tempo nas áreas de interesse, de maneira que se possa refinar ao máximo as previsões.

Desafios da profissão

Há várias dificuldades inerentes à vida de um militar que atua embarcado nos navios, como a distância da família. Além disso, o meteorologista tem que lidar com a tensão de produzir prognósticos confiáveis, como lembra o Primeiro-Tenente (Quadro Técnico) Rafael Fernandes Pereira.

“Existe a pressão psicológica de saber que o resultado do nosso trabalho, que é o bom assessoramento à tomada de decisões por parte do Comando, irá impactar direta e indiretamente no destino de dezenas ou centenas de pessoas, todos os dias”, relata.

Neste 14 de outubro, data em que se comemora o dia do Meteorologista, o Primeiro-Tenente Rafael relembra, ainda, momentos em que a previsão do tempo, realizada por ele, teve um papel determinante no sucesso da missão. “Na Antártica, é sempre crucial a previsão de tempo para a travessia do estreito de Drake, onde são frequentemente observadas ondas acima de 10 metros. Poderia citar também a vez que, por conta da previsão de ventos de mais de 100 quilômetros por hora, a realização de reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz foi antecipada, se mostrando pouco tempo depois, ter sido uma decisão acertada.”

Assista ao vídeo e confira como é a travessia do estreito de Drake por um navio da Marinha:

Fonte: Agência Marinha de Notícias

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter