JID organiza seminário “Mulheres, Paz e Segurança”, no próximo dia 28

Militar da Marinha, que será palestrante no evento, é responsável pela elaboração do Programa “Mulheres, Paz e Segurança” interamericano

A participação de mulheres nas Forças Armadas não é assunto recente e, na Marinha do Brasil, elas atuam há 43 anos. Como primeira assessora de gênero e direitos humanos da Secretaria-Geral da Junta Interamericana de Defesa (JID), a Capitão de Corveta Taryn Machado Senez está com a missão de escrever o Programa “Mulheres, Paz e Segurança”, a fim de orientar 29 Estados-membros interamericanos sobre esta temática.

No dia 28 de setembro, às 9h (horário de Washington-DC), ela vai palestrar no seminário “Mulheres, Paz e Segurança”, promovido pela JID e transmitido no canal da instituição no Youtube, em inglês, espanhol e português. O evento é aberto a todos e as inscrições podem ser feitas diretamente no site www.jid.org. Em entrevista à Agência Marinha de Notícias, a Capitão de Corveta Taryn fala sobre o evento e destaca a importância da atuação da mulher militar em situações de conflito.

O que é o seminário sobre “Mulheres, Paz e Segurança”?
O objetivo do seminário é divulgar experiências bem-sucedidas sobre a perspectiva de gênero no campo da defesa e segurança hemisférica, além de contribuir para a cooperação entre os países do continente nesta área. O seminário deve inspirar mudanças positivas e contribuir para uma maior participação das mulheres na promoção da paz e segurança na região interamericana. Já são 5 mil inscritos e, por curiosidade, temos mais homens inscritos do que mulheres, de 35 países. Ampliamos muito o nosso horizonte.

Qual a importância deste seminário para as mulheres que compõem as Forças Armadas?
Durante o seminário, as mulheres militares terão a oportunidade de compartilhar suas experiências e desafios. Isso pode levar à identificação de melhores práticas e estratégias, promovendo a inclusão e a igualdade. Além disso, pode oferecer oportunidades de educação e treinamento específicos para abordar questões de gênero nas Forças Armadas.

Diversas personalidades, com vasta experiência liderando missões humanitárias em todo o mundo, vão participar do evento e  pontuar as vantagens estratégicas da integração das mulheres nos domínios militar e de segurança. Também vão destacar as capacidades únicas que as mulheres oferecem, especialmente na construção de relacionamentos e na criação de alianças duradouras.

Como a agenda sobre “Mulheres, Paz e Segurança” despertou a sua atenção?
Minha jornada até aqui foi marcada por experiências pessoais, educacionais e profissionais, que me fizeram compreender a importância desta causa. Minha formação acadêmica em psicologia me proporcionou uma compreensão mais profunda das dinâmicas humanas; das questões de saúde mental; e da importância das relações interpessoais. Foi crucial entender as necessidades específicas das mulheres em situações de conflitos e como isso afeta a saúde mental e emocional delas.

Um dos momentos mais marcantes em minha trajetória foi a experiência como tripulante de um Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, onde eu era a única mulher em meio a 240 homens. Isso me permitiu entender os desafios enfrentados pelas mulheres em setores que, tradicionalmente, são dominados por homens. Foi uma oportunidade de demonstrar que mulheres são capazes e valiosas em qualquer função.

Outro episódio importante em minha carreira foi participar do curso da Organização das Nações Unidas, no Centro de Operações de Paz do Ministério da Defesa da China. Éramos 40 mulheres de 25 países diferentes. Interagi com profissionais do mundo todo e ampliei a minha compreensão das questões de segurança, gênero e direitos humanos em um contexto global.

Quais são as atividades desempenhadas por mulheres militares em situações de conflito?
A inclusão de mulheres em missões de paz aumenta a diversidade de perspectivas. Elas conseguem ter uma compreensão única das necessidades e preocupações de mulheres e crianças, que devem ser consideradas para um planejamento eficaz das operações. Além disso, têm um melhor acesso às comunidades locais, que é fundamental para a entrega de assistência humanitária e a construção da confiança das populações afetadas.

A presença feminina, ainda, serve de exemplo de igualdade de gênero, demonstrando que mulheres podem desempenhar papéis ativos e significativos em todas as esferas, incluindo as militares. Outro fator importante da ação de militares femininas é para a prevenção e a resposta a violações de gênero em situações de conflito, incluindo violência sexual e de gênero.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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