França – A Geopolítica dos Atentados


Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet


O Tsunami de análises que inundou os meios de comunicação, TV, web, jornais e mídias sociais deu muitas informações a maioria desfocadas, após os atentados na noite de 13NOV2015.
 
A primeira onda falou do extremismo vinculado a questões raciais e étnicas na França, exclusão social, etc.
 
Seguiu-se a menção da participação da França nas Operações Militares contra o Estado Islâmico (EI), na Síria e as ações no Mali.

Porém, as ações da noite de sexta-feira 13NOV15, estão como uma pedra do xadrez geopolítico mundial.   Os atentados tem as impressões digitais de líderes Ocidentais, do Kremlin e além dos própios homens-bomba e seus chefes.
 
Líderes Ocidentais

Aqui a maior tragédia. A administração americana Barack Obama, agora no seu sétimo ano, passou todo este período em briga com o Pentágono. Um a um os líderes militares mais expressivos foram afastados.

Desde o potencial candidato presidencial, ídolo do público o homem que dominou o Iraque, General David Petraeus, afastado por um obscuro processo, com uma investigação suspeita de ser ilegal, ao General McChrystal.

Como prioridade da agenda militar entraram os tópicos: questão de genero, assédio sexual, homosexualismo, etc.

Uma administração inépta e sem visão de mundo. Seu foco é a Guerra Interna contra seus oponentes políticos.

Para a provocação final nomeou como Secretário do Exército, Eric Fanning, em 18SET2015, uma pessoa assumidamente homosexual.

O segundo líder ocidental com suas impressões digitais nos atentados é a Chanceler alemã Angela Merkel.

Atônita com a perda dos lucrativos acordos comerciais com a Rússia, devido o embargo financeiro e comercial com aquele país,  pela questão da Ucrânia, a Chanceler alemã forçou a questão dos refugiados. Era o convite final para desestruturar toda a postura antiterror da União Européia.

A Estratégia do Kremlin
 

O Deputado do Parlamento Russo Sergii Marcov foi claro em postar no seu perfil do Facebook tão logo aconteceram os atentados em Paris:

“Uma série de atentados ocorreram em Paris. O organizador é o EI. Seria uma represália pela atuação da França contra o EI na Síria.

Conclusões:

1.    Nós necessitamos urgentemente reforçar a segurança em Moscou;
2.  Rússia, Estados Unidos e França, juntos, para exterminar o EI na Síria, Irque e Líbia (?);
3. É urgente parar o conflito entre a Rússia e o  Ocidente sobre a Ucrânia. Um grupo de notáveis deve substituir o governo Neonazista de Kiev, mudar a constituição e garantir eleições livres. O atual governo de Kiev é o principal obstáculo para que Rússia, a União Européia e os Estados Unidos atuem juntos na guerra contra os terroristas, e,
4. Nossas condolências ao povo da França e Paris, uma das maiores e mais belas cidades do mundo.(https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=744220055705662&id=100003530221213)
 
A agenda acima explica e detalha de forma simples a estratégia da Rússia. Seu movimento na Síria, ao enviar um Grupo Aéreo e pequena quantidade de forças para proteção da Base Aérea  Hmeymim. Esta ação foi acompanhada por grande cobertura midiática. Quase uma cópia do início das operações americanas Tempestade no Deserto (1991) ou as da Guerra ao Terror: Afeganistão (2001) e Iraque(2003).
 
Porém, algo chamou a atenção nas ações russas na Síria. As bombas e mísseis em boa parte não eram direcionados contra o EI, mas reforçaram os ataques contra a oposição ao governo Assad. O que reforçou a ação migratória dos refugiados sírios.
 
Agora a própria Rússia oferece:

1. A cabeça de do aliado fraternal Assad, e,
2. A participação na luta contra o EI, na Síria, Iraque e Líbia (?). Na visão do Kremlin mais uma vitória de Vladimir Putin.

Os Terroristas

As fortes ações de recrutamento do Estado Islâmico entre os jovens descendentes de árabes e também nos não árabes, com doutrinação nas Madrassas (locais de ensino islâmico) e nas próprias Mesquitas. Os sermões radicais de muitos Imans são conhecidos das autoridades.

Porém, uma bem planejada ação de domínio e emprego das novas tecnologias de comunicação, a internet, tem exercido uma forte atração sobre os e as jovens europeus fundamental na continuidade de sua ação.

Escudando-se no Multiculturalismo, a convivência entre diversas culturas, a qualquer ação é vista como xenófaba. Assim a restrição e críticas à questão dos refugiados dentro da Alemanha ou nos demais países tem sido vilentamente atacada como xenófaba por boa parte da imprensa e os grupos de Direitos Humanos.    

O Estado Islâmico e outras forças progridem nas indecisões do Ocidente e dos países árabes. A linguagem visual de extrema violência atrai atenção e interesse dos jovens. E terror entre os seus inimigos.

Acompanhe a matéria   "Na guerra vale tudo, até o Twitter", publicado em 2014, onde detalha o emprego de Midias Sociais, pelo EI para atemorizar os seus adversários no campo de batalha (Na guerra vale tudo, até o Twitter 2014 Link)

O EI aprendeu que não deve dar uma batalha frontal aos inimigos. Assim usando táticas de grande mobilidade, baseado em veículos utilitários 4×4, de baixo custo, sem proteção, movimentam-se pelo terreno. Difíceis de localizar e até de destruição.

O que muitos analistas clamavam de um ataque por terra será difícil e custoso. E possivelmente o EI não dará a batalha aberta que os planejadores estratégicos ocidentais tanto almejam.

Quanto ás táticas e evoluções empregadas pelo Estado Islâmico leia a matéria exclusiva do pesquisador Frederico Aranha:

ESTADO ISLÂMICO – ASPECTOS OPERACIONAIS: Revolução Tática ou Infantaria Leve na Era Global frederico Aranha 2015 Link


 
 Matérias Relacionadas

 

A Europa teme o inimigo secreto Link

Por quê modernas armas e alta tecnologia ainda não venceram a guerra contra o terrorismo extremista Analista André Woloszyn  Link

Procuradores dos EUA recomendam acusação criminal contra Petraeus, diz NYTimes 

McChrystal – Um general com ideias muito próprias Rolling Stone 2010 Link

 

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter