BR-CN – China torpedeia a frota dos VALEMAX


Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet

 

O Plano Estratégico concebido pela Companhia VALE para enfrentar as flutuações do preço do frete dos minérios, que em alguns períodos alcançaram mais de 1000%, e o ambiente em que não teria carga de petróleo no retorno ao Brasil, foi a frota dos Very Large Ore Carrier (VLOC).
 

A VALE concluiu que atingir taxas de frete competitivas sem uma carga de óleo para transportar na perna de retorno ao Brasil exigiria embarcações mais especializadas. Por conta disso, têm início estudos sobre o conceito de Very Large Ore Carrier (VLOC). Os estudos iniciaram nos anos 2000 . Com a explosão dos fretes pelo grande consumo de commodities e o fim de uma geração de navios surgiu a Classe VALEMAX.

 

O plano inicial foi de ter uma frota de 35 navios de 400.000 toneladas de deslocamento. Foram encomendados a partir de 2008 para estaleiros chineses e coreanos. Da frota dos 35 VALEMAX, 19 foram encomendados pela VALE e 16 por operadores do mercado.

Características gerais e conceito
 
O VALEMAX é uma nova classe de embarcação de 400 mil toneladas, um cargueiro de grande porte especialmente desenhado para transportar minério de ferro.
 
O navio tem 362 metros de comprimento, 65 metros de largura e 30,4 metros de altura. Suas dimensões levaram à criação de uma nova classificação de navio, obtendo uma série de notações de classe estabelecidas pela sociedade classificadora Det Norske Veritas (DNV).
 
Uma embarcação VALEMAX pode fazer quatro viagens por ano para a Ásia (partindo do Ponta da Madeira, Maranhão, ou Tubarão, Espírito Santo), transportando mais que o dobro da quantidade de minério de ferro em comparação aos navios Capesize (rota do Cabo).

“A frota de 35 unidades do VALEMAX poderão transportar cerca de 56 milhões de toneladas de minério de ferro por ano”, informava um documento da VALE.
 
Também com umaredução de 35% na emissão de gás carbônico por tonelada de carga, comparado ao Capesize.
 
Em 2008, VALE contratou 12 navios VALEMAX com o estaleiro chinês  Jiangsu Rongsheng Heavy Industries(RSHI), e em 2009 encomendou mais sete navios com a South Korean Daewoo  Shipbuilding & Marine Engineering (DSME).
 
A China contra-ataca

 
No lançamento do primeiro navio o VALE BRASIL (2011), construído pela coreana DSME, em sua viagem inaugural não teve autorização para aportar na China. Em meio da viagem, já no Pacífico, recebeu ordem para navegar em direção de Taranto (Itália).
 
A China proibiu que os VALEMAX aportassem em portos daquele país. Esperava-se que o quando surgisse o primeiro VALEMAX produzido na China a proibição fosse flexibilizada.
 

Tal não aconteceu, quando o VALE CHINA foi lançado, mas talvez conhecendo a qualidade de sua indústria manteve a ordem.


Estação de Transferência Flutuante (ETF), em Subic Bay (Filipinas).
Transfere de 400.000 t para navios de 270.000 t


A VALE construiu um interessante e engenhoso complexo de transbordo dos navios VALEMAX, chamada de Estação de Transferência Flutuante (ETF), para outros navios menores e permitisse aportar em portos com profundidade menor do que 23 metros, em Subic Bay (Filipinas). A construção da ETF fez que os chineses aumentassem ainda mais a pressão.
 
A VALE contra-atacou reduzindo ou até proibindo a operação com a frota da estatal chinesa COSCO.
 
A Redução
 
As condições de mercado e acordos comerciais com as principais frotas mineraleiras chinesas (COSCO e CMES) indicou após 2013 que alguns acordos estavam em curso.

A queda nos preços dos fretes e a implacável burocracia chinesa levaram a VALE e começar a desfazer-se de parte Frota VALEMAX.
 
Entre os acordos assinados np âmbito da visita do premiê chines, Li Keqiang, no dia 19 Maio, está a venda de quatro VALEMAX para a China Ocean Shipping Company (COSCO), armador e transportador de granéis sólidos e operador global de granéis sólidos.

A VALE anunciou que a transação totalizou US$ 445 milhões e o montante será recebido mediante a entrega dos navios para a COSCO, o que deve acontecer em junho deste ano.

A operação já havia sido anunciada pela mineradora brasileira em setembro do ano passado. Na ocasião, a empresa destacou que o acordo ia permitir cooperação estratégica entre VALE e a COSCO.

Pelos termos da parceria, quatro navios VLOCs (“very large ore carriers”), com capacidade de 400 mil toneladas, que atualmente pertencem e são operados pela Vale, serão transferidos para a Cosco e afretados para a Vale em contrato de longo prazo de 25 anos.

Além disso, VALE e COSCO informaram, também em setembro do ano passado, que iriam assinar contrato de afretamento de longo prazo para transportar, do Brasil,  minério de ferro a partir de dez novos navios VALEMAX que seriam construídos pela COSCO.

A própria VALE anunciou a expansão do acordo que já tinha com a China Merchants Energy Shipping (CMES), subsidiária da China Merchants Group.

O acerto contempla a cooperação estratégica de longo prazo no transporte marítimo de minério de ferro. O primeiro acordo foi firmado com a China Merchants Group em 26 de setembro do ano passado.

Pela expansão do acordo, a Vale venderá quatro navios VLOCs para a CMES. Segundo a Vale, os detalhes e termos do contrato estão ainda em discussão e se espera que o acordo com CMES seja concluído nos próximos meses.

Fontes do mercado mencionam que a VALE já tinha negociado 4 outros VALEMAX anteriormente. Dos 19 originalmente operados pela VALE é certo que ao menos os 12 produzidos na China foram ou serão vendidos. Uma redução de 60%.

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