Declaração à imprensa do presidente Temer, após almoço com Mike Pence, vice-presidente dos EUA

Eu quero inicialmente dizer que é uma satisfação contar com a presença do vice-presidente Mike Pence aqui em Brasília. Eu recebi o vice-presidente no Palácio do Planalto esta manhã. Inicialmente eu até pedi que ele transmitisse os nossos cumprimentos ao presidente Trump, foi um encontro muito produtivo, que pudemos até  estendê-lo no almoço aqui no Itamaraty.

O Brasil e os Estados Unidos têm relações históricas, dinâmicas e maduras. Relações que trazem a marca do respeito mútuo, do diálogo e da amizade.

Como lembrava há pouco o vice-presidente, nossas sociedades compartilham valores. O apego à democracia e às liberdades individuais é vínculo que nos une ao longo do tempo. Somos, na verdade, as maiores democracias da América.

Não por acaso é antiga e intensa a interação entre brasileiros e americanos. É forte, por outro lado, o intercâmbio cultural e acadêmico. Nossos pesquisadores trabalham juntos e se apreciam. São muitos turistas de lado a lado. Nossos empresários e investidores se conhecem bem e gostam de atuar em parceria.

Aliás, os números das relações Brasil-Estados Unidos são eloquentes. Nosso comércio chegou, no ano passado, a mais de 51 bilhões de dólares – e os Estados Unidos são o principal destino dos produtos industrializados brasileiros. O vice-presidente Pence até tomou a iniciativa de suscitar a questão do aço e do alumínio, e nós concordamos, naturalmente, em seguir trabalhando para eliminar barreiras ao comércio entre os nossos países.

Os investimentos dos EUA no Brasil são volumosos – mais de 100 bilhões de dólares. Os do Brasil nos EUA são também significativos e crescentes – em vinte anos, aumentaram mais de dez vezes. Aliás, segundo os investimentos brasileiros nos EUA, lá esses investimentos  criam cerca de 100 ou mais de 100 mil empregos.

Essa é a sólida base sobre a qual os governos nossos devemos trabalhar. E é o que temos feito.

Também na relação com os Estados Unidos, a hora é de avançar.

Nos últimos meses, trabalhamos para aprovar no Congresso Nacional – e promulgamos – acordos há muito assinados, como o uso Pacífico no espaço exterior, o da Previdência Social, que alcançará praticamente 1 milhão de brasileiros que vivem nos EUA, e os transportes aéreos, chamado “Céus Abertos”, que, aliás, promulguei precisamente no dia de hoje.

Também assinamos dois novos acordos na área de defesa e estabelecemos mecanismo de diálogo sobre indústria de defesa. Inauguramos o Foro Permanente sobre Segurança Pública – e queremos cooperar sempre mais na luta contra o crime organizado.

E eu registro que levantei com o vice-presidente Pence a questão dos menores brasileiros que se encontram separados de seus pais nos Estados Unidos. Disse que se trata de questão extremamente sensível para a sociedade e governo brasileiros.

Pedi, por isso mesmo, a sua especial atenção para assegurar a rápida reunião das famílias. Eu agradeço, naturalmente, ao vice-presidente Pence a disposição que me indicou para trabalharmos juntos em busca de uma solução. Eu assinalei até que nosso governo está pronto a colaborar no transporte dos menores brasileiros de volta ao Brasil, se esse naturalmente for o desejo das famílias. As autoridades dos dois países continuarão em contato sobre esse tema.

Mas também devo dizer que nós tratamos de impulsionar os projetos estratégicos entre nossos países.

Nossa cooperação espacial, por exemplo, sai extremamente fortalecida. O vice-presidente Pence, aliás, preside, nos Estados Unidos, o Conselho Nacional do Espaço, o que nos ajuda muitíssimo nessa matéria.

Nós vamos aproximar a Agência Espacial Brasileira e a NASA. Vamos progredir nas negociações de salvaguardas tecnológicas, com vistas ao uso comercial da Base de Alcântara. Naturalmente também aprofundaremos nossos esforços conjuntos para o desenvolvimento científico-tecnológico e a prosperidade de nossos povos.

Nós conversamos ainda sobre as reformas que temos levado adiante no Brasil, reformas que naturalmente estão trazendo de volta o crescimento. E, portanto, ao mencionar isso ao vice-presidente, registrei que o momento é oportuno para os investidores americanos.  

Evidentemente também tratamos de uma agenda internacional ao tratarmos da situação da Venezuela. Aliás, o Brasil e os Estados Unidos convergem quanto à urgência de restabelecer-se a plena normalidade democrática naquele país-irmão.

Ambos lamentamos a crise humanitária que atravessa a Venezuela. Falei sobre os venezuelanos que buscam melhores condições de vida no Brasil e sobre nosso empenho em recebê-los com muita dignidade. Comentei que, na semana passada, visitei, em Boa Vista, no estado de Roraima, instalações para acolhê-los. O vice-presidente Pence amanhã viajará a Manaus, onde poderá conhecer parte do trabalho que temos realizado na assistência aos venezuelanos.

Portanto, caro vice-presidente, uma vez mais, eu desejo a Vossa Excelência, à senhora Pence e a toda a sua delegação as melhores boas-vindas ao Brasil. Espero naturalmente que guardem excelente recordação de sua visita ao nosso país.

E, assim sendo, eu tenho a honra de passar a minha palavra para a sua declaração à imprensa.

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