Putin parabeniza Dilma por vitória e reforça estreitamento da parceria com o Brasil


Por Yuri Paniev – Texto da Gazeta Russa
Edição e adaptação por Nicholle Murmel

 

O presidente russo Vladímir Putin parabenizou nesta segunda-feira (27) Dilma Rousseff pela reeleição e disse que os resultados do segundo turno são a prova do apoio dos brasileiros ao desenvolvimento socioeconômico do país e um reforço de sua posição em nível internacional.
 
No telegrama enviado pela diplomacia russa, Putin também elogiou a atenção dispensada pela presidente brasileira no fortalecimento da parceria estratégica com a Rússia. O presidente reafirmou a disponibilidade de continuar o diálogo construtivo e o engajamento conjunto para o desenvolvimento da cooperação bilateral em todas as áreas, bem como a interação no âmbito das Nações Unidas, G20, Brics e de outras agências multilaterais.
 
“A vitória de Dilma Rousseff é um evento positivo, principalmente em termos de estabilidade interna e continuidade da orientação escolhida ainda durante o governo do anterior presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse à Gazeta Russa o diretor do Instituto da América Latina e correspondente da Academia de Ciências da Rússia, Vladímir Davidov.
 
De acordo com o analista, os resultados da votação constituem uma vantagem inegável para as relações russo-brasileiras. “Os nossos países estabeleceram um diálogo ativo, já foi alcançado o entendimento mútuo e existe concordância de posições sobre a maioria dos temas das agendas regional e global”, acrescentou Davidov.
 
O especialista lembrou ainda que, durante a visita de Pútin ao Brasil em julho passado, foi assinado um amplo pacote de acordos referentes ao setor da energia, aviação, cooperação técnico-militar, práticas aduaneiras, cooperação técnico-científica, bem como um memorando de instalação de estações do sistema de localização por satélite Glonass no país. Putin e Dilma também se mostraram a favor do alargamento dos contatos nos domínios da educação e ciências por meio programa “Ciência Sem Fronteiras”.
 
No entanto, Davidov chamou a atenção para o fato de que a diferença de votos de apenas 3% entre Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves sugere que, neste segundo mandato, a governante terá que fazer alguns ajustes em suas políticas. “Os programas sociais, ao que tudo indica, serão perpetuados levando em conta as ondas de protesto que antecederam a Copa do Mundo de 2014, e que causaram danos consideráveis ??ao prestígio de Dilma Rousseff", acrescentou.
 
Meta conjunta
 
O Brasil é o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina. Quase dois anos atrás, os presidentes Vladímir Putin e Dilma Rousseff estabeleceram a meta de aumentar o comércio bilateral ao patamar dos US$ 10 bilhões anuais.
 
As exportações russas para o Brasil se concentram em fertilizantes minerais, produtos químicos, produtos técnico-militares e metal. Entre os produtos brasileiros importados pela Rússia predominam os produtos agrícolas.
 
Se antes os analistas subestimavam o volume dessas importações, uma vez que alimentos e matérias-primas estão sujeitos a bruscas flutuações da conjuntura do mercado e da demanda, agora, sob os efeitos do embargo de produtos oriundos de países ocidentais, o Brasil surge como um dos principais fornecedores de carne, aves e legumes para o mercado russo.
 
Moscou e Brasília também expandiram a cooperação industrial e a concretização de projetos conjuntos a longo prazo que promovem o desenvolvimento inovador. A petrolífera russa Rosneft, por exemplo, vai investir na exploração e produção de hidrocarbonetos na Bacia do Solimões.
Paralelamente, a empresa Silovie Machini está iniciando a extração de hidrocarbonetos para as usinas hidrelétricas de Santa Catarina.
 
Os empresários brasileiros também não ficam atrás. Exemplo disso é a parceria entre a Marcopolo e a Kamaz na produção de ônibus na Basquíria, bem como a fabricação de refrigeradores e freezers na região de Kaliningrado, em conjunto com a Metalfrio Solution.
 
No mundo dos BRICS
 
Rússia, Brasil e África do Sul estão considerando a possibilidade de desenvolver conjuntamente tecnologia militar, informou nesta segunda-feira em Paris o vice-diretor do Serviço Federal Para a Cooperação Técnico-Militar, Anatóli Puntchuk, que chefia a delegação russa do salão internacional de defesa naval Euronaval 2014. As negociações entre os três países estão previstas para acontecer antes do final deste ano. 
 
Em relação ao futuro acordo, Davidov assinalou que a vitória de Rousseff nas eleições “é uma garantia de avanço rápido dos planos já identificados no âmbito do Brics”. 
 

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter