BR-US – SelectUSA e a Base Industrial de Defesa

Júlio Ottoboni
Exclusivo DefesaNet


O Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, braço direito diplomático e também comercial do presidente Barack Obama, cunhou a frase que deveria dar calafrios no mundo. Mas, no entanto, gera empolgação no polo aeroespacial e militar brasileiro. Ele disse recentemente: “O que os Estados Unidos necessitarem fazer dentro da lei para atração de novos negócios e investimentos será feito”.

No último 29 de julho, o governo dos Estados Unidos promoveu um encontro inédito em São José dos Campos, em parceria com a Incubadora de Negócios CECOMPI, órgão municipal ligado à prefeitura local, com o objetivo de apresentar possibilidades do setor aeroespacial para investidores brasileiros.

O evento fez parte do SelectUSA, programa do governo americano que busca promover e facilitar investimentos em território norte-americano. E conta com a parceria da Consultoria Tributária Internacional Drummond, empresa que trata de assuntos  jurídicos e contábeis entre Brasil e Estados Unidos. (Detalhes e ações do Programa SelectUSA podem ser acessados no site específico do Departamento de Comércio Americano )

O encontro foi um sucesso para os organizadores, mais de 50 representantes de empresas do polo aeroespacial e de defesa, além de grandes empresas do setor como a EMBRAER e a AVIBRAS, estiveram no encontro e algumas já iniciaram o processo de negociação para aportar nos Estados Unidos. Cerca de 40% das empresas interessadas em seguir o caminho da EMBRAER e o American Way of Life estão aptas a ingressarem imediatamente no mercado norte americano.

“O nível de retorno foi acima da expectativa e espero voltar à região para atingir outras empresas, essa localidade é prioritária para nós por causa do cluster de São José dos Campos. Fazer essa aproximação é muito importante”, afirmou o especialista comercial em promoção de investimentos no consulado geral dos Estados Unidos, sediado em São Paulo, André Leal.

 Com a estagnação econômica brasileira e a falta de perspectivas nas áreas  aeroespacial e defesa, com o anúncio de que os principais programas, inclusive os constantes do PAC, tiveram prorrogações nos cronogramas de desenvolvimentos de vários anos, : KC-390 (2 anos), ASTROS 2020 (5 anos), SISFRON (14 anos), etc. As perspectivas nos Estados Unidos soam como salvadoras.

O setor aeroespacial dos Estados Unidos tem tido um expressivo crescimento nos últimos anos, e com alta participação estrangeira, que gira em torno de 7,7%  ao ano, uma faixa altíssima obtida nos últimos 5 anos e, principalmente, se levado em consideração que a taxa média de investimento no país é de 4,4 %. No próprio convite para o evento, o governo norte americano diz claramente suas intenções.

 “O setor aeroespacial está presente em todos os 50 Estados. Certamente alguns podem ser mais conhecidos devido a presença de grandes empresas como Alabama (AIRBUS), Florida (EMBRAER), Georgia (Gulfstream), Minnesota (Cirrus), Washington (BOEING), Texas e Georgia (Lockheed Martin) entre outros.

Entretanto, é importante notar que existem aproximadamente 1.400 empresas dedicadas exclusivamente ao setor aeroespacial nos Estados Unidos, mais de 900 delas com menos de 20 funcionários, o que gera a criação de diversos arranjos produtivos locais voltados para o setor aeroespacial abrindo assim inúmeras oportunidades no setor”, observou Leal.

“ Sabendo que os investidores brasileiros buscam novos desafios internacionais, e se mostram competidores globais, capazes de se tornar fortes agentes participativos em investimentos na indústria e tecnologia aeroespacial, o governo americano escolheu São José dos Campos para apresentar suas oportunidades de negócios”.

Diferente do Brasil, o governo dos Estados Unidos estimula a ‘guerra fiscal’ entre seus Estados integrantes, condados e inclusive localidades. “O suporte que damos começa aqui no Brasil ao apontar os locais mais favoráveis para o negócio crescer, os Estados competem bastante agressivamente entre si, eles tem muita autonomia legislativa. Além disto, o fornecedor pode estar em qualquer lugar do país”, observou o diplomata.

A competitividade é vista como algo muito saudável para a diversificação produtiva e no contexto local há incentivos de uma gama imensa, advindos de vários programas fiscais, tributários e linhas de créditos específicos para o setor aeroespacial e para as empresas que estão se internacionalizando nos Estados Unidos.

O evento no cluster de São José dos Campos foi uma visão prévia e um treinamento do que os empresários brasileiros, que estão entre potenciais investidores, dado pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Entre os dias 26 e 28 de outubro, outro importante evento do setor ocorrerá em Los Angeles, com a presença de grandes empresas do ramo e 22 estados americanos.

*Essa é a primeira de uma série de reportagens sobre o avanço dos EUA no mercado aeroespacial e bélico brasileiro.

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