Piloto escapa de punições

Thais Paranhos


O piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) que provocou destruição no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto após um sobrevoo na Esplanada dos Ministérios retornou ao trabalho sem sofrer punições. Ele estava afastado das atividades desde o episódio ocorrido em 1º de julho (leia Entenda o caso) e voltou a comandar aeronaves no último dia 26 depois de receber orientações do comando operacional da unidade aérea. A identidade e a patente do militar não foram reveladas.

A imprudência do piloto, admitida pela própria FAB, trincou, pelo menos 49 vidros no Palácio do Planalto. No STF, o estrago se mostrou ainda maior. No total, 65 das 240 vidraças da Corte foram destruídas. O caça modelo Mirage F 2000 deu um rasante a uma velocidade de 1.100km/h, acima do permitido, e, aliado à baixa altitude, provocou uma onda de choque. A assessoria da FAB disse que não teve acesso ao conteúdo do conselho operacional do órgão para saber o porquê de o piloto ter atingido tal velocidade.
 
Custos

Desde o incidente, a FAB desembolsou R$ 11.275 por causa dos estragos provocados em 10 casas, principalmente do Lago Sul. Mais 15 residências aguardam para conseguir o reparo. Além desse valor, a reforma do STF foi concluída ao custo de aproximadamente R$ 35 mil, segundo dados da assessoria de Comunicação do tribunal.

Também por meio da assessoria de imprensa, o Palácio do Planalto informou que a substituição dos vidros está programada para ocorrer entre 13 e 17 de agosto deste ano. O serviço está orçado em cerca de R$ 40 mil. Segundo a assessoria, a Aeronáutica entrou em contato com a Presidência da República para ressarcir as despesas em decorrência das obras.
 
Entenda o caso

Rastro de destruição

Os caças Mirage F 2000 da Aeronáutica abriram a cerimônia de troca da bandeira, em 1º de julho, um domingo, na Praça dos Três Poderes. A apresentação começou às 9h50. Por volta das 10h20, no segundo sobrevoo das aeronaves, sentido Norte—Sul, o rasante do primeiro avião provocou ondas de choque tão intensas que a passagem da aeronave sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) destruiu 20% das vidraças da Corte. Também houve danos no Palácio do Planalto.  Na sequência da viagem, as aeronaves passaram sobre o Setor de Clubes Sul, onde a vibração provocou rachaduras em uma academia, e pelo Lago Sul, bairro no qual várias casas, incluindo a residência oficial do embaixador de Portugal, além de estabelecimentos comerciais, tiveram a estrutura danificada. O estrago resultou do excesso de velocidade registrada em um dos dois caças que se apresentaram no fim de semana. O piloto passou pela Esplanada dos Ministérios a 1.100km/h. À época, a Aeronáutica admitiu a imprudência e informou que o militar, cuja identidade e patente não foram reveladas, estava afastado das atividades aéreas.
 
Velocidade do som

O Mirage F 2000 recebeu esse nome da Força Aérea Brasileira (FAB), mas a especificação original é Mirage 2000 C. A aeronave pode atingir até duas vezes a velocidade do som. É um avião de interceptação e de ataque em solo. O governo brasileiro comprou 12 unidades desse modelo da França em 2003.

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