Brasil se diz surpreso com suspensão de venda de aviões

Daniel Rittner

O Ministério das Relações Exteriores reagiu formalmente à suspensão do contrato de US$ 355 milhões para o fornecimento de 20 aviões Super Tucano da Embraer à Força aérea dos Estados Unidos, deixando clara a insatisfação do governo brasileiro com a atitude da Casa Branca.

A decisão foi recebida "com surpresa" no governo, segundo nota divulgada ontem à noite pelo Itamaraty, "em especial pela forma e pelo momento em que se deu". Em abril, a presidente Dilma Rousseff fará viagem oficial a Washington, retribuindo a visita feita pelo colega Barack Obama ao Brasil, no ano passado. O número 2 do Departamento de Estado está no país a fim de preparar o novo encontro.

Na nota, o Itamaraty diz que o governo "continuará a manter diálogo com as autoridades norte-americanas sobre o assunto" e sugere que o cancelamento da licitação vencida pela Embraer poderá influenciar a escolha dos caças de múltiplo emprego que o Brasil pretende comprar. Para o ministério, a decisão da Casa Branca "não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa". A americana Boeing disputa com a francesa Dassault e com a sueca Saab o fornecimento de até 36 caças para a Força aérea Brasileira (FAB).

Para vencer a resistência do governo brasileiro quanto ao histórico de restrição em transferência de tecnologia, os Estados Unidos dizem ter feito uma oferta "sem precedentes" ao Brasil, com tratamento semelhante aos seus parceiros da Otan. Apesar do favoritismo do caça francês Rafale, a Boeing tem feito novas ofensivas para convencer a FAB e a própria Dilma a optar pelo jato americano F-18 Super Hornet..

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