Concorrência aumenta em feira de aviação executiva no Brasil

Os fabricantes que participaram da Labace, a maior feira de aviação executiva da América Latina, encontraram um mercado mais disputado neste ano. O número de aeronaves expostas saltou de 56 para 67 modelos entre as edições de 2010 e 2011, uma expansão de quase 20%. O evento foi realizado entre quinta e sábado, dia 13.

A feira marcou o início das atividades de fabricantes estrangeiras no segmento de jatos executivos brasileiro, como a europeia Airbus, a americana Eclipse e italiana Piaggio, do grupo Ferrari. Com a crise nos países desenvolvidos, o mercado brasileiro ganhou relevância.

“Todo mundo está focando mais no Brasil. É um país de oportunidades e o dólar está favorecendo a compra das aeronaves”, afirma Júnia Corrêa, diretora-superintendente da Líder Aviação.

A Líder é a maior representante da marca americana Howker Beechcraft, que tem 38% das vendas no Brasil. A empresa espera fechar a venda de cinco a seis aeronaves na feira, mais do que no ano passado.

A canadense Bombardier também quer reforçar sua posição no Brasil. A companhia anunciou a abertura de um escritório de apoio técnico no País até o fim do ano. Os países latinos respondem por cerca de 8% dos negócios no segmento de jatos executivos da Bombardier, afirmou Fábio Rebello, vice-presidente para a América Latina da empresa.

Para a americana Cessna, o Brasil já é o maior mercado fora dos Estados Unidos, de acordo com Leonardo Fiúza, diretor comercial da TAM Aviação Executiva, representante da marca no País. Os jatos da família Citation somam uma frota de 300 unidades no Brasil, a maior do País. O modelo mais vendido é o Citation Mustang, que custa US$ 3,1 milhões. A TAM espera vender 75 aeronaves novas em 2011 de todas as marcas que representa, um crescimento de aproximadamente 15%.
 

A organização da Labace ainda não divulgou o balanço de vendas na feira. Muitos dos negócios são iniciados no evento, mas são concluídos dias ou meses depois. A expectativa é que a Labace movimente US$ 550 milhões (cerca de R$ 885 milhões).

A estimativa inicial também era de que 16 mil pessoas visitariam o local. Os estudantes de aviação civil da faculdade Anhembi Morumbi Eduardo Fleury, 21, e Bruno Bonfim, 20, não compraram nada, mas aproveitaram para ver de perto as aeronaves. O sonho dos dois é ser piloto. “Eu moro perto de Congonhas. Eu durmo e acordo com os aviões”, diz Bonfim.

E a crise?

O mercado de aviação executiva caminha lado a lado com o crescimento da economia. Os fabricantes brasileiros e estrangeiros querem aproveitar o desenvolvimento da economia brasileira e dos países emergentes, mas temem que eles também sintam os reflexos de um eventual fortalecimento da crise econômica.

Há um consenso entre os empresários consultados pelo iG de que os países ricos devem ser mais afetados, o que justificaria o foco nos mercados emergentes. Mas os efeitos de uma eventual crise também devem respingar no Brasil.

“Hoje, não sentimos nenhum reflexo da crise. Mas é impossível imaginar que não haverá nenhum impacto no Brasil”, afirma Fernando Pinto, presidente da TAM Aviação Executiva.

A queda na demanda nos países ricos pode provocar um excesso de oferta no Brasil, e, consequentemente, derrubar os preços das aeronaves, diz José Eduardo Brandão, diretor-geral da Sinerjet, representante da marca Bombardier. “É bom para o comprador, mas ruim para as empresas”, diz.

Há também quem queira ganhar mercado na crise. A Air Stream, representante da marca Eclipse, por exemplo, chega ao Brasil com um dos jatos mais baratos do mercado – cerca de R$ 2,3 milhões. O Eclipse concorrerá diretamente com os modelos mais vendidos no Brasil, como o Cessna Mustang, e o Phenom 100, da Embraer, que custam US$ 3,1 milhões e US$ 3,9 milhões, respectivamente.

Segundo o presidente da Air Stream, Leandro Agostini, o modelo consome cerca de 30% menos combustível que os concorrentes. “O jato não é um luxo para as empresas, é uma necessidade que não vai mudar na crise. Mas, na crise, elas vão priorizar modelos mais econômicos”, diz Agostini. A empresa vendeu quatro aeronaves na Labace.

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