Empresas de apoio terrestre investem em diversificação

Alberto Komatsu

Animadas pelo crescimento da aviação comercial e executiva, empresas que prestam serviços de apoio terrestre nos aeroportos, despachando malas e rebocando aviões, investem em expansão e diversificação de negócios para aumentar a rentabilidade. A Swissport, a maior empresa do mundo nesse tipo de serviço ("handling", no jargão do setor), vai aplicar R$ 57 milhões até 2014 para comprar mais equipamentos, como rebocadores de avião. Quer fortalecer sua atuação na aviação regular e aumentar a participação da aviação executiva no faturamento, não divulgado, atualmente em 3,5%.

O plano é quase dobrar o tamanho dessa fatia até 2014. A empresa tem 4,5 mil equipamentos, entre rebocadores e caminhões, e planeja ampliar esse número para 6 mil veículos.

"Passamos por três ciclos de crescimento no país. O primeiro foi em 2001, com o surgimento da Gol. Em 2006, duas empresas saíram do mercado, a Menzies e a Globground. Em 2008, a Sata começou a desaparecer", afirma o presidente da Swissport Brasil, Francisco Gonçalves.

A Sata, empresa controlada pela Fundação Ruben Berta Participações, chegou a ter cerca de 60% do mercado no auge de suas atividades, no início dos anos 2000. Entrou em recuperação judicial em meados de 2009, após ter perdido um de seus principais clientes, a Varig.

O faturamento mensal da Sata nos dias atuais é da ordem de R$ 3 milhões. Chegou a ser de R$ 20 milhões. Em recente entrevista ao Valor, o presidente da Sata, João Luís Bernes de Sousa, disse que a empresa está com 640 funcionários. Há 11 anos eram 8 mil trabalhadores. A Sata chegou a ter a sua falência decretada no dia 27 de abril deste ano, mas conseguiu uma liminar para seguir na recuperação judicial.
A dívida que consta nos autos do processo é de R$ 433,8 milhões, mas Sousa contestou esse valor e afirmou que estava sendo realizado um novo cálculo. A Sata foi procurada pelo Valor novamente, mas não se pronunciou até ontem à noite.

Atualmente, a Swissport tem 53% de participação de mercado nos 13 aeroportos em que opera, segundo Gonçalves. Em meados de 2007, a fatia era de 33%.

"Devemos alcançar o patamar de atendimento de 1 mil voos por dia em outubro", afirma o presidente da Swissport. Segundo ele, a Swissport tem atualmente 5,3 mil funcionários e uma carteira de 34 clientes.

O crescimento da demanda aérea no Brasil também atraiu a empresa de segurança Protege, mais conhecida pelos carros-fortes. Esta empresa brasileira começou a operar no setor de serviços terrestres em aeroportos há dois anos com a Proair.

Esse segmento ainda representa menos de 5% do faturamento de R$ 1 bilhão da Protege, mas integra a divisão de novos negócios, que tem potencial para dobrar o faturamento da empresa em pelo menos dois anos.

"O "handling" tem muita sinergia com o nosso negócio principal, que são os carros-fortes. São operações de logística", afirma o diretor-geral do Grupo Protege, Mário Baptista. De acordo com o executivo, a crise a Sata também contribuiu para a expansão da Proair.

A Proair opera atualmente em seis aeroportos do país, com 1,1 mil funcionários. Tem 16 clientes, entre companhias de aviação regular. Também trabalha com segurança nos aeroportos, com equipes de raio X nas salas de embarque.

A Universal Aviation atua no mercado brasileiro desde 2006. A empresa, pertencente ao grupo familiar americano Universal Wheather and Aviation, investiu US$ 2 milhões desde o início de suas atividades, com foco específico na aviação executiva.

Seu diretor-geral André Goes de Camargo conta que praticamente 100% do faturamento vem do atendimento de aviões de empresários e multinacionais provenientes do exterior.

"Vamos investir US$ 1 milhão em 2011 para poder ampliar o atendimento à aviação executiva doméstica também", afirma Baptista. A Aviation tem 50 funcionários e opera em sete aeroportos brasileiros.

A Swissport, por sua vez, planeja atuar em novos negócios como "handling" para transporte aéreo de carga e segurança nos aeroportos (equipamentos de raio X e pessoal na área de embarque de passageiros).

A origem da Swissport vem da falida companhia aérea Swissair, que já foi considerada uma das melhores empresas aéreas do mundo. Em meados de 2001, a Swissport foi comprada pelo grupo inglês Candover.

Quatro anos depois, o grupo espanhol de gestão Aeroportuária Ferrovial adquiriu a empresa por € 646 milhões. Em novembro do ano passado, o fundo de private equity PAI Partners levou a Swissport por € 654 milhões. A Swissair, por sua vez, opera hoje com a bandeira Swiss e é controlada pela alemã Lufthansa.

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