MICA + MIRAGE 2000-5 + RDY radar + Esquadrão Cegonha = 40 Vitórias

 

Nota DefesaNet
Artigo Publicado Originalmente em Março 2001

É um artigo retrospectivo sobre o impacto dos mísseis BVR (Alem do Alcance Visual).Vale a pena ser lido.

O editor

 

 

Artigo revista Planet Aerospace
Nº 1 Nov- Dec 2000


Durante recente exercício realizado na Base Aérea de Florennes, Bélgica, uma esquadrilha de Mirage 2000-5 da 1/2 Cigognes( Cegonhas ) obteve 40 ( quarenta ) vitórias virtuais, contra alvos representados pelas várias unidades pertencentes às Forças Aéreas da OTAN. Desnecessário dizer, que este escore surpreendeu ao Comando e aos próprios pilotos.

Voando em formação sobre os céus da Bélgica oito aviões ( Tornados, F16 e F4 Phantons ) . Seus experientes pilotos estão em guarda contra a ameaça dos interceptadores "Inimigos, incluindo dois Mirage 2000-5 armados com mísseis ar-ar MICA ( desconhecidos para eles, porém com reputação de serem mortais ). Repentinamente eles estão em alerta . As telas dos radares indicaram dois bip, sem dúvida são os Mirages.

Somente dois contra oito, em desvantagem numérica os Mirages do Cigognes não deverão ter chance. Despreocupados a formação continua seu vôo e certamente os Mirages devem estar retornando as suas bases. Então repentinamente, dois dos oito aviões giram em 90º afastando-se da formação rapidamente. Os outros seis voam , possivelmente não entendendo porque os dois colegas afastaram-se da formação. Que risco poderiam correr se não foram detectados lançamentos de mísseis ar-ar? Então eles estão totalmente em alerta . Dificilmente terão tempo de perceber que eles estão "killed". Seis aviões estão virtualmente abatidos dos céus em uma fração de segundos. Longe dali dois Mirage2000-5 retornam às bases.

A explicação é simples : tendo detectado a formação inimiga, os dois Mirages disparam uma salva de oito mísseis MICA ar-ar, fire -and-forget, beyond visual range, quatro mísseis cada avião. Totalmente autônomos, os Mica voam em direção aos alvos sem a necessidade de guia radárica. Os pilotos "friendly" foram pegos de surpresa , exceto os dois pilotos que afastaram-se porque sabiam que, um bip do radar de um Mirage 200-5 era de fato o lançamento de um míssil e não somente a varredura de radar.

Ao longo de 12 missões, que os dois Mirage 2000-5 executaram durante o Exercício na Bélgica, os Cigoigne obtiveram 40 vitórias virtuais para a perda de um dos seus. O sucesso operacional do MICA contra as forças opositoras alcançou 75 % .

Como podem estes experientes pilotos da OTAN serem pegos de surpresa.?

O Ten-Cel. Joël Rode, que comanda o 1/2 Esquadrão Cigognes explica: "Os excelentes resultados obtidos é devido muito aos pilotos "inimigos", que não estão acostumados com a combinação do míssil MICA/Thales(*) RDY radar. Na realidade os pilotos nos vêem, mas reagem como se tivéssemos o Matra Super 530D, o qual pode ser lançado, um míssil por alvo de cada vez, ou um disparo "Fox One" , nós não tínhamos um míssil fire-and-forget. Quando o radar RDY é usado com o Super 530D no Mirage 2000C na fase scanning, ele seleciona um alvo e então direciona o míssil a toda energia para destruí-lo. Equipado com um cabeça semi ativa, que necessita que o avião alvo seja iluminado em todo o tempo de vôo do míssil. Isto são várias dezenas de segundos dependendo da distância. É um longo período , durante o qual o alvo sabendo que foi identificado , tem tempo para executar ações evasivas.

Do ponto de vista tático isto requesr que haja um número proporcional de defensores em relação aos que estão atacando do contrário, estes tendo um armamento similar podem virar o jogo ao seu favor.

Com o MICA a situação é totalmente diferente, porque este sistema pode disparar uma salva de até quatro mísseis ( 6 no futuro Rafale ) . Em outras palavras um único Mirage 2000-5, pode engajar quatro aviões inimigos ao mesmo tempo, o que significa, que uma força de 15 aviões poderia engajar 60 aviões inimigos simultaneamente.

Em uma performance de 75% de sucesso significaria, que não menos de 45 aviões inimigos seriam abatidos em poucos segundos, causando completo desespero entre os sobreviventes. Amanhã com seis mísseis por avião, deixaremos eles trabalharem por sí..
Entretanto, a parte de disparar salvas e a capacidade multi-alvos, mortíferas por si só, os adversários também foram enganados pelo fato que os franceses são capazes de disparar através do seu novo RDY sweep. Combinando os disparos em salvas, isto produz até maior surpresa. Ten.Cel Rode conta a história.

Até o momento o lançamento de um míssil ar-ar envolvia dois estágios. Uma fase inicial com a varredura do radar para detectar atividade aérea. Assim o avião emissor sabe que há inimigos na área, e estes estão de sobreaviso a espera de que um míssil seja disparado contra eles a qualquer momento. . Neste momento os pilotos estão concentrados nas luzes do radar para identificar se foi engajado por um radar inimigo o que significa que um míssil foi disparado contra ele. A grande novidade no caso do radar RDY que equipa os nossos Mirage 2000-5 é que podemos disparar através do scan graças ao sistema de Míssil MICA fire-and-forget . Como resultados os aviões inimigos não recebem um alerta antecipado. O scanning do radar plota os alvos e apresenta a situação tática ao piloto. Com base nesta informação o piloto decide então engajar um ou mais alvos, designando um míssil especifico para cada um. Após o disparo ele pode dar meia volta e não preocupar-se mais . Os mísseis irão voar até os seus alvos pela guia inercial em um ponto traçado pelo computador do radar. . . Então nos segundos finais eles ativam suas cabeças de busca eletromagnéticas ou infravermelhas, dependendo do tipo do míssil usado. Neste ponto para uma ação evasiva é muito tarde ou usar contramedidas. Até o momento , o F15C com o míssil AIM 120 AMRAAM reinava absoluto nos céus . Não mais desde o surgimento do MICA.

Com a revolução tecnológica proporcionada pelo MICA no combate aéreo e a chegada do METEOR , a Matra Bae Dynamics também introduz uma revolução em tática e psicologia. Um piloto do 1/2 Cigognes afirma:

" Com este míssil nós somos menos vulneráveis, isto significa que oferecemos ao inimigo menos chances de ele nos engajar. Também introduzimos uma incerteza no combate aéreo. Mesmo que o inimigo nos detecte, ele não sabe em nenhum momento se nós disparamos um míssil ou não . Ele saberá somente nos últimos segundos, quando o míssil ativar seu seeker ( guia ) o qual no momento é eletromagnético. Normalmente é muito tarde. Francamente nós desenvolvemos algo parecido como complexo de supeioridade"

" Com a chegada do seeker infravermelho este curto período de alerta será praticamente reduzido a zero

"Nós sentimos como tivéssemos um globo protetor ao nosso redor, um espaço aéreo letal no qual os pilotos inimigos cruzariam por sua conta e risco. Nós temos treinado este sistema por um ano apenas, e o exercício TLP proporcionou a oportunidade de avaliarmos a qualidade desta arma. Nós temos ainda um longo caminho para explorarmos todas as possibilidades táticas ou psicológicas".
 

  

Exercício Liderança Tática

O TLP ( Tactical Leadership Program ) é um exercício projetado para permitir que as forças Aérea da OTAN exercitem seus procedimentos de combate.

Um dos fatores que distinguem são os debriefings conduzidos após os exercícios. Todos os parâmetros de vôo e dos sistemas de armas são gravados durante as missões.

Na base, uma equipe de especialistas em combate aéreos analisa as missões usando vídeos, top guns, etc. Então com base nos resultados obtidos e analisados eles determinam os resultados finais, os quais são secretos e transmitidos aos diferentes times. Assim os pilotos são informados dos resultados, mas não tem acesso às informações sobre os sistemas de armas do " inimigo", como se estivessem em um contexto operacional real.

O último exercício TLP, que durou trinta dias apresentou aos participantes situações tais como: superioridade aérea para cobertura de um ataque ao solo ou alternativamente uma missão de defesa aérea contra uma ofensiva aérea.

Dentro da OTAN, o TLP é reconhecido como um curso de qualificação gerando um valor para os participantes superior ao do RED FLAG da USAF.

COP-THUNDER

Após o TLP, o Esquadrão 1/2 Cigognes está impaciente esperando pelo exercício Cop-Thunder, o qual será em maio de 2001, no Alasca, sobre um área de 168.000 km2. No lado francês, quatro Mirage 2000-5 de Dijon, todos equipados com simuladores de mísseis MICA, juntamente com 4 Mirage 2000N, 4 Mirage F1 CR e 4 Mirages F1 CT.

O Tenente Coronel Rode afirma que Cop-Thunder será um excelente treinamento operacional , pois tem uma variedade de terrenos: montanhas, semidesérticos ou área parecidas com a Europa central. "O que difencia o Co-Thunder é o extraordinário grau de realismo. Somados aos alvos aéreos, temos os mísseis terra-ar: AS-3, AS-4 e AS-6 e outros simuladores de ameaças. Aqueles de nós em missões de ataque encontrarão um realismo , incluindo lançamento de forças de comandos para designar alvos com laser. Alvos incluirão construções, ashelters, e veículos blindados contra os quais armas ar-terra serão efetivamente lançadas . Do ponto de vista das forças da OTAN Cop-Thunder será uma oportunidade para testar as capacidades de nossas armas e táticas.

 

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