Marinha argentina revela nova ‘última mensagem’ de submarino

A Marinha da Argentina revelou na noite desta quarta-feira (6) a existência de uma "nova" última mensagem enviada pelo comandante do submarino ARA San Juan ao chefe de operações do Comando da Força de Submarinos, no dia em que desapareceu.

Até o momento, acreditava-se que a última mensagem havia sido a que ele comunicava "entrada de água do mar pelo sistema de ventilação ao tanque de baterias número 3 ocasionou curto-circuito e princípio de incêndio no balcão de baterias. Baterias de proa fora de serviço no momento de imersão propulsando com circuito dividido".

Mas depois que a empresa Tesacom revelou que oito chamadas por satélite haviam sido feitas pelo submarino no dia 15 de novembro, a Marinha admitiu que uma nova mensagem foi enviada depois dessa.

Na chamada, ocorrida às 7h19 (horário local), o comandante pergunta se duas mensagens anteriores haviam sido recebidas, informa que está em plano de periscópio (a 18 metros), em velocidade de 5 nós e avaria controlada.

Acrescenta ainda sua intenção de descer ao plano de segurança (40 metros) para entrar ao tanque de baterias a fim de avaliar a avaria e que voltaria a entrar em contato com novas informações. "Foi uma chamada de entre 6 e 7 minutos. Foi a última vez concreta que se comunicaram os chefes de operações [do submarino e da força de submarinos] e coincide com a última posição", disse o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi.

Segundo Balbi, as chamadas "não eram de emergência" e algumas eram apenas tentativas de conexão com a internet. O porta-voz afirmou ainda não saber se as chamadas foram gravadas. O caso acabou criando uma crise entre a Marinha e o governo, que diz não ter sido informado da existência das chamadas.

Uma investigação interna foi aberta para apurar o caso. "O núcleo da investigação está na atuação da Armada", afirmou o ministro da Defesa, Oscar Aguad, de acordo com o "Clarín".

O submarino desapareceu quando ia de Ushuaia, no sul, para Mar del Plata. Além da avaria interna, revelou-se ainda a ocorrência de um "evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistente com uma explosão em um ponto próximo a onde o submarino desapareceu.

Marinha argentina descarta chamadas de emergência de submarino antes de desaparecer

A busca pelo submarino argentino com 44 tripulantes continua sem pistas três semanas após o seu desaparecimento, enquanto a Marinha descartou nesta quarta-feira (6) que a embarcação tenha feito chamadas de emergência antes de se perder no Atlântico Sul.

O registro feito por uma empresa de satélites de oito contatos realizados na madrugada de 15 de novembro, data do último contato com o submarino "ARA San Juan", abriu conjecturas sobre o fato de serem pedidos de ajuda.

"Não são chamadas de emergência, são tentativas de links para a Internet", afirmou o porta-voz da Marinha argentina, o capitão de navio Enrique Balbi.

Estes registros "já foram relatados" ao Ministério da Defesa e à juíza que investiga o desaparecimento do submarino, disse.

Para a Marinha, os dados "mais importantes" decorrem do último contato, quando o submarino reportou "em uma chamada de voz por satélite que estava em imersão e sem novidades, indo para Mar del Plata", indicou.

O "ARA San Juan" desapareceu depois de relatar uma avaria nas baterias quando retornava de Ushuaia (extremo sul da Argentina) para sua base em Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires.

Um organismo internacional relatou uma explosão subaquática naquela rota horas após o último contato do submarino.

Uma embarcação russa capaz de rastrear a 6.000 metros de profundidade está na área de busca, segundo Balbi. A expectativa se concentra em um objeto detectado a cerca de 940 metros de profundidade.

O presidente Maurício Macri pediu cautela nesta quarta-feira sobre as hipóteses sobre o que aconteceu. "Para entender o que aconteceu e o motivo pelo aconteceu, temos tempo. Vamos reduzir a ansiedade, priorizar a busca e respeitar o momento das famílias", declarou o presidente à imprensa durante um evento em Entre Ríos, a 300 km ao norte de Buenos Aires.

O chefe da Marinha, o almirante Marcelo Srur, confirmou que a busca continuará mesmo que a possibilidade de resgatar a equipe com vida tenha sido descartada.

"Um marinheiro nunca abandona um homem. É algo próprio à nossa condição. Mas estamos numa fase crítica e incompatível com a vida humana. Investigaremos até as últimas consequências, independentemente do trabalho que a Justiça faça", afirmou à Radio Mitre.

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