Soldados do Exército da Argentina treinam para missões de salvamento em áreas remotas

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Ximena Moretti
 

Um treinamento de inverno de cinco dias na região de Pino Hachado capacitou 15 soldados das Forças Armadas argentinas para proporcionarem melhor ajuda a excursionistas perdidos e darem apoio aos bombeiros.

Os participantes, do 21º Regimento de Infantaria de Montanha (RIM 21), receberam treinamento de 3 a 8 de julho para aperfeiçoar as operações em terreno montanhoso difícil e poder enfrentar condições climáticas adversas em qualquer época do ano.

Os exercícios, que foram realizados em uma região com um complexo de postos de fronteira no centro-oeste da província de Neuquén, “exigiram suportar condições climáticas severas, necessárias para cumprir as missões impostas, e uma marcha de 25 km em terreno coberto de neve, como o objetivo de aproximar-se e fazer o reconhecimento da zona de Paso Desecho de Mendoza”, segundo um comunicado de autoridades militares argentinas.

Oficiais, sub-oficiais ( NCOs) e soldados voluntários reforçaram suas capacidades por meio de instrução de sobrevivência em montanhas, construção de cavernas e iglus, levantamento de defesas e realização de exercícios operacionais defensivos. Os participantes também realizaram exercícios de reconhecimento de terreno, que lhes permitem atualizar as capacidades de cartografia “para dar apoio à comunidade, ajudar pessoas perdidas e combater incêndios”.

Treinamento em condições desafiadoras

O Regimento RIM 21, que entrou em operação em 2005, depois de ter sido desativado em 1997, é uma unidade especializada designada para operar em áreas alpinas cobertas de neve, criada pelas Forças Armadas no início do século 20 e subordinada à 6ª Brigada de Montanha, com sede em Las Lajas, em Neuquén. O regimento treina normalmente em condições perigosas e muitas vezes se envolve em missões de salvamento.

Os exercícios recentes, realizados durante uma tempestade de neve, representaram “uma capacitação completa”, disse Juan Belikow, professor de relações internacionais, defesa e segurança internacional da Universidade de Buenos Aires, na Argentina.

“As missões não têm trégua, mesmo no inverno. É uma atividade difícil que não pode ser substituída por simulações. É uma experiência que requer treinamento no terreno. A Argentina mantém um alto nível de treinamento nessa atividade.”

Como a Argentina é o principal destino na neve da América do Sul e abriga diversas estações de esqui espalhadas ao longo de 2.400 quilômetros da Cordilheira dos Andes, o Regimento tem de estar preparado para situações de emergência. Unidades como o RIM 21 e a Gendarmeria podem chegar aos alpinistas que estão presos por tempestades de neve no Passo de Pino Hachado, localizado na Cordilheira dos Andes, ao norte da Patagônia argentina, e ligado à região vizinha de Araucanía, no Chile.

“Várias equipes internacionais de esqui olímpico que treinam no sul da Argentina e do Chile sofrem acidentes ou ficam isoladas após uma tempestade de neve”, afirmou Belikow. “O Exército e a Gendarmeria trabalham juntos na busca, no salvamento e na entrega de alimentos para os excursionistas.”

Soldados também ajudam os bombeiros

Além de resgatar pessoas presas por tempestades de neve, o RIM 21 e outras unidades das Forças Armadas auxiliam os bombeiros que combatem incêndios nas regiões montanhosas. Os corpos de bombeiros da Argentina são complementados pelas Forças Armadas, que são responsáveis por coordenar toda a logística de missões de grande escala.

Em março de 2015, soldados do Exército se uniram a um grande contingente do Sistema Nacional de Gerenciamento de Incêndios para combater incêndios no Parque Nacional Los Alerces e em Cordón Currumahuida, que estão localizados na região montanhosa de Chubut. O incêndio, considerado um dos maiores incêndios florestais na história da Argentina, afetou mais de 34.000 hectares de floresta nativa na província, uma área equivalente a uma vez e meia o tamanho da Cidade Autônoma de Buenos Aires.

“A vegetação da zona levará mais de 100 anos para se renovar”, afirmou Juan Paritsis, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) da Argentina, ao Infobae .

No Cone Sul, após o início da temporada de incêndios, o fogo vai se deslocando à medida que o verão avança para o norte. Ocorre uma pausa de setembro a novembro e, então, os incêndios florestais recomeçam no sul.

“Nos últimos 29 anos, a América Latina perdeu o equivalente a 10% da cobertura florestal do planeta – alguns dos incêndios foram acidentais, outros não”, disse Belikow.

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