PETROBRAS BOLIVARIANA – Retorno à Bolívia

 

Rodrigo Polito | Do Rio e Por Fabio Murakawa | De São Paulo
 

Quase sete anos após a estatização de seus ativos pelo presidente Evo Morales, a Petrobras volta a investir na Bolívia. Em 30 de dezembro, a estatal venceu licitação para explorar um campo de 1,1 milhão de hectares no Departamento de Santa Cruz, região que abriga as maiores reservas de gás natural do país.

A Petrobras informou ao Valor que vai assinar contrato de prestação de serviço com a estatal boliviana YPFB e estimou que os trabalhos no local podem começar no segundo trimestre. Não divulgou, porém, dados sobre o investimento previsto ou o tamanho das reservas.


O reajuste dos preços da gasolina e do diesel, além de ficar abaixo das expectativas do mercado, não conseguiu tirar as atenções dos investidores para o resultado da Petrobras no quarto trimestre do ano passado, e consequentemente no exercício de 2012, que será conhecido na segunda-feira. A aposta no mercado é que o resultado da companhia será pior que o de 2011.

A perspectiva negativa se deve ao crescimento da demanda interna por combustíveis no quarto trimestre, o que levou a estatal a importar um volume maior dos produtos a preços mais elevados que aqueles praticados no mercado nacional. Devido a isso, o J.P. Morgan reviu para baixo a previsão de lucro líquido para a Petrobras no último trimestre de 2012, que passou de R$ 11 bilhões para R$ 6,7 bilhões.

O Deutsche Bank é ainda mais severo e prevê um lucro trimestral de R$ 4,3 bilhões, o que representa uma queda de 15% em relação ao resultado apurado pela Petrobras de outubro a dezembro de 2011. O banco alemão estima que as perdas operacionais do setor de abastecimento da Petrobras alcancem R$ 10,3 bilhões no quarto trimestre de 2012.

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou em novembro que a petroleira importou em média 80 mil barris de gasolina por dia naquele mês e que a expectativa era aumentar o volume de importação em dezembro, por causa das férias de fim de ano. A previsão da companhia era atingir uma média de importação entre 80 mil e 90 mil barris por dia de gasolina em 2012, contra os 43 mil barris diários no ano anterior.

O aumento do volume de importação de combustíveis afeta diretamente o resultado da área de abastecimento, a segunda mais importante, atrás apenas da Exploração e Produção (E&P).

Diante do cenário negativo, todos os bancos de investimentos consultados pelo Valor estimam queda no lucro anual da Petrobras em 2012, em comparação com o ano anterior. As previsões variam de R$ 17,7 bilhões, do Deutsche Bank, até R$ 30 bilhões, calculado pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA). Em 2011, a Petrobras reportou lucro líquido de R$ 33,3 bilhões.

"A expectativa é que o resultado venha muito fraco. Deve ser um número nada agradável", afirmou o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora. Ele acredita que o reajuste dos combustíveis aplicado nesta semana pela companhia não evitará uma reação negativa dos investidores com relação aos papéis da empresa após a divulgação do resultado. A Petrobras acumula perdas de 7,38% no ano, com valor de mercado de R$ 237 bilhões.

Com a defasagem dos preços dos combustíveis, o que poderia contribuir positivamente para o resultado da Petrobras em 2012 seria um aumento da produção de petróleo e gás natural, mas isso não ocorreu.

A companhia ainda não divulgou a produção de dezembro de 2012, mas no acumulado até novembro do ano passado, a produção doméstica de petróleo da Petrobras totalizou uma média de 1.975,3 milhão de barris ao dia. O volume foi 2,3% inferior à média obtida no ano anterior e ligeiramente abaixo da meta da petroleira para 2012, de 2% para mais ou para menos em relação à produção em 2011.

O desempenho abaixo do esperado da produção da Petrobras levou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a cobrar da companhia a revisão do plano de desenvolvimento da produção de alguns de seus campos gigantes, o que deverá exigir da estatal um volume maior de investimentos, além dos US$ 236,5 bilhões previstos no seu ousado plano de negócios 2012-2016.

Segundo projeções do J.P. Morgan, em relatório assinado pelos analistas Caio Carvalhal e Felipe dos Santos, a produção média de petróleo da estatal no Brasil em 2012 ficará em 1,975 milhão de barris ao dia, mantendo a queda de 2,3% em relação ao ano anterior. O Deutsche Bank prevê um volume de produção menor no quarto trimestre de 2012, totalizando 1,960 milhão de barris/dia, com uma diferença maior em relação ao volume produzido pela companhia em 2011.

De acordo com o analista Marcus Sequeira, que assina o relatório do Deutsche Bank, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) do segmento de E&P da Petrobras no quarto trimestre deve alcançar R$ 20,5 bilhões, com alta de 5% em relação a igual período de 2011 e de 4% frente ao trimestre exatamente anterior.

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