Colombiano informou Dilma sobre negociação

Lisandra Paraguassu
e Guilherme Russo


O governo brasileiro foi informado na manhã de segunda-feira (03) sobre o anúncio oficial feito ontem pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, envolvendo as negociações entre Bogotá e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Santos telefonou para a presidente Dilma Rousseff e, em uma conversa de dez minutos, explicou o processo de paz com o grupo guerrilheiro.

Uma mensagem assinada pela presidente foi distribuída e enviada ontem ao governo colombiano. No texto, Dilma expressou o apoio brasileiro ao processo. "O êxito das negociações trará grandes benefícios para o povo colombiano e consolidará a imagem de uma América do Sul que realiza hoje grandes negociações de paz", diz o texto.

Na conversa entre os presidentes não foi levantada a possibilidade de o Brasil – que participou de operações de libertação de reféns das Farc entre 2009 e 2012 – também entrar nas negociações. Uma das razões é uma possível má vontade dos guerrilheiros com o governo brasileiro. No vídeo em que anunciou a abertura de diálogo, a guerrilha criticou a venda de aviões pelo Brasil ao governo colombiano.

Influência externa. Ao buscar o apoio de Cuba, Venezuela, Noruega e Chile para a solução do conflito com as Farc, Bogotá pretende aplicar um novo modelo de negociação com a guerrilha. No entanto, isso não ocorre em razão da mediação internacional ser inédita, mas pela intenção do Executivo colombiano de limitar a intervenção externa.

O analista político colombiano Andrés Molano Rojas afirmou que o presidente "não quer repetir os erros de San Vicente del Caguán", área desmilitarizada criada pelo governo de Andrés Pastrana, em 1999, com a intenção de servir como uma zona neutra para a negociação de paz, que fracassou em 2002.

Molano afirmou que a "intromissão" de observadores de diversos países "atrapalhou e confundiu" as conversas de paz. "Por essa razão, Santos quer agora limitar os atores estrangeiros. Isso não significa que, no futuro, outras nações não possam participar."

Segundo o analista, Cuba e Venezuela não foram escolhidos apenas pela "proximidade ideológica" com as Farc. Molano disse que "Havana já teve um destacado papel no passado" ao servir de sede para "rodadas exploratórias" de conversações entre guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e o governo de Álvaro Uribe. Por isso, Cuba será o palco das novas negociações.

De acordo com Molano, a Venezuela "mostrou compromisso e deu respostas positivas" a Bogotá em relação às Farc. O analista explicou que o Chile "é um parceiro magnífico" da Colômbia e a Noruega participa por sua ampla experiência em negociações de paz.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, declarou ontem sua intenção de acompanhar o processo. Cuba afirmou que "respalda" o diálogo e o governo chileno designou o chefe de gabinete da chancelaria, Milenko Skoknic, para acompanhar a negociação. O presidente americano, Barack Obama, felicitou ontem seu colega colombiano pelo processo de paz com as Farc.

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