Paraguai retira seu embaixador em Caracas e bane diplomata venezuelano

O novo governo do Paraguai anunciou ontem a retirada de seu embaixador na Venezuela e declarou o chefe da missão venezuelana em Assunção persona non grata. As medidas foram tomadas após Assunção divulgar um vídeo no qual o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, aparece entrando em uma reunião com a cúpula militar paraguaia horas antes da destituição do presidente Fernando Lugo pelo Congresso, no dia 22.

O anúncio do governo de Federico Franco é também uma resposta à decisão da Venezuela, na semana passada, de expulsar o representante paraguaio em Caracas e chamar de volta seu emissário em Assunção.

Segundo os paraguaios, na reunião que teria ocorrido horas antes da votação do impeachment, Maduro tentou convencer os militares a não acatar a destituição e a continuar obedecendo ordens de Lugo. A Venezuela rejeita a acusação.

O anúncio foi feito por meio de uma nota divulgada pela chancelaria de Assunção. Franco e a cúpula do governo paraguaio têm evitado declarações que inflamem ainda mais a situação com os países sul-americanos, embora no Congresso a irritação com os vizinhos seja explícita.

A Comissão de Relações Exteriores do Senado paraguaio deve votar hoje um texto pedindo a expulsão dos adidos militares. Mas a palavra final será do Executivo. O projeto apresentado pelos senadores pede ainda que o chanceler venezuelano, o embaixador equatoriano e o ex-presidente Fernando Lugo sejam julgados por incitar a sublevação dos militares do Paraguai.

Ontem, o chanceler de Assunção, José Félix Fernández Estigarribia, disse que levará aos órgãos de resolução de conflitos do Mercosul uma "lista" detalhando as violações cometidas contra o Paraguai pelos sócios do bloco. "Buscaremos a solução para as disposições que não aceitamos", disse Estigarribia.

Encontro. Franco convocou ontem uma reunião com a cúpula das Forças Armadas e a ministra da Defesa, María Liz García, que divulgou o vídeo de Maduro.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi um dos primeiros líderes sul-americanos a qualificar de "golpe" a destituição de Lugo, culpando a "burguesia paraguaia e o império" pela crise política em Assunção. Em seguida, ordenou a suspensão de todo fornecimento de petróleo venezuelano ao Paraguai. Segundo a Petropar, a estatal paraguaia de petróleo, a Venezuela continua a fornecer combustível, apesar das ameaças.

Mais uma vez. Advogados do ex-presidente Lugo anunciaram ontem que apresentarão mais um pedido à Suprema Corte para que a destituição do dia 22 seja revertida. Mas o tribunal já anunciou duas vezes que não há inconstitucionalidade na decisão e analistas duvidam que o Judiciário mude de opinião.

Lugo foi deposto menos de 36 horas após a Câmara abrir um "processo político" – figura da Carta paraguaia que prevê a deposição do presidente caso dois terços do Legislativo assim deseje. Alegando que Lugo não teve seu direito de defesa respeitado, países sul-americanos decidiram suspender o Paraguai dos mecanismos decisórios do Mercosul e da Unasul. / EFE

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