COLOMBIA – A presença de terroristas venezuelanos no ELN é política de Estado do chavismo

    Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido  

 

Exército da Colômbia – Especialista em Defesa Nacional, Geo-política e Estratégia, o coronel Luis Alberto Villamarín Pulido é autor de 33 livros e mais de 1500 artigos relacionados com suas especialidades. Duas de suas obras se relacionam com o ELN. Além disso, é membro de várias academias de história, analista em diversos meios de comunicação no mundo e conferencista convidado em diferentes cenários de análise política internacional.

www.luisvillamarin.com

Tradução: Graça Salgueiro

 

A presença de terroristas venezuelanos no ELN é política de Estado do chavismo contra a Colômbia, e não somente o resultado do desespero de alguns dos jovens que fogem da miséria e do regime ditatorial de Maduro, pontuou o coronel da reserva ativa do Exército da Colômbia, em entrevista com o jornalista Julián Ospina, do programa Nocturna, da cadeia básica de RCN Radio, em 31 de janeiro de 2018.

 

Em resposta às múltiplas perguntas da extensa entrevista de 40 minutos, o coronel Villamarín agregou:

1. Os principais cabeças do ELN têm acampamentos na Venezuela e esta atividade é coordenada com o regime castro-chavista de Caracas. Analisar este tema tem elementos geo-políticos, estratégicos, políticos e táticos.

2. Desde a época de Hugo Chávez há sólidos nexos do ELN com o chavismo, a auto-denominada República Bolivariana e o Socialismo do Século XXI, devido a que a Venezuela é um país rico em petróleo a ditadura cubana aproveitou a ignorância e loquacidade de Chávez, para pôr esse país como epicentro da extensão do comunismo para o resto do mundo.

3. Quando Chávez era vivo, as FARC e o ELN chegaram a ter escritório próprio na sede do Forte Tiuna, que é como a espinha dorsal do Ministério de Guerra venezuelano.

4. Desde a década de 1990, a Quarta e Quinta Brigadas da Colômbia apreenderam do ELN armas e munições com selo oficial das Forças Armadas Venezuelanas.

5. No livro intitulado “Os segredos das FARC”, baseado nos achados dos computadores de Raúl Reyes, o Instituto de Estudos Estratégicos de Londres corroborou com documentos muito comprometedores a estreita e sinistra relação do comunismo venezuelano e do castro-chavismo com as FARC e o ELN.

 6. Em dezembro de 2017, os cabeças do ELN realizaram uma cúpula terrorista na Venezuela, para planejar uma série de ataques terroristas tão-logo terminasse a falsa trégua ou cessar fogo bilateral imposto a Santos e seu fraco delegado Juan Camilo Restrepo. De remate, Restrepo foi levado por Gustavo Bell, desconhecedor do tema porém que ademais demonstrou uma pobre gestão na luta contra o terrorismo, quando por politicagem ocupou o cargo de ministro da Defesa e não porque tivesse nem o perfil nem as qualidades para exercer esse cargo. Essa é uma das razões pelas quais o ELN impõe agenda, tempos e condições. Finalmente, os delegados do ELN são os mesmos que há 27 anos deram três voltas em Humberto de la Calle e Horacio Serpa em Caracas e Tlaxcala. Obviamente a vantagem política e estratégica está a favor dos terroristas.

7. O cérebro das ações terroristas do ELN, desde quando intencionalmente as FARC cederam preponderância é “Pablito”, o mesmo sujeito que escapou de um cárcere colombiano e se escondeu na Venezuela onde vivem Gabino, Pablo Beltrán e outros cabeças do ELN, protegidos pelos organismos de segurança do país vizinho.

 8. O terrorista assinalado de atacar a Polícia em Barranquilla, esteve várias vezes na Venezuela antes de consumar estas ações.

 9. O ELN dirige um plano estratégico que denominam “Vôo de Águia”, cuja orientação essencial é a tomada do poder. Porém, como isso é uma utopia e uma impossibilidade, a obcecada mentalidade do ELN conduz ao terrorismo, às guerras internas contra grupos delinqüenciais e o prolongamento da violência e da miséria no país.

10. Para combater adequadamente o ELN é imperioso compreender dois assuntos pontuais: 1. O que é o ELN? E 2., o que o ELN quer? Em resposta a estas duas questões:

1. O ELN é uma organização ilegal marxista-leninista que gravita suas ações ideológicas em torno da dissensão católica da teologia da libertação e que utiliza o terrorismo ou violência minoritária para avançar em seu utópico argumento da tomada do poder por meio da combinação de todas as formas de luta.

2. O ELN quer dilatar as conversações com Santos para comprometer o novo governo, enquanto as FARC e seus cúmplices avançam na implementação das imposições ao governo Santos em Cuba, a desarticulação das Forças Militares e a consolidação do governo de transição. Esse é o projeto…

 Que o consigam é assunto diferente, porém, essa é a intenção do ELN em conchavo com as FARC. O ELN e as FARC desenvolvem uma estratégia integral a respeito dos diálogos, do terrorismo, do narco-tráfico, da próxima campanha eleitoral e da visão comunista da paz na Colômbia.

11. Há um erro compartilhado e generalizado dentro da opinião pública e dos “analistas” do conflito que são ignorantes crassos do DNA do ELN. Por estranha interpretação, ninguém ou quase ninguém menciona que no ELN milita um importante setor de sacerdotes e monjas clandestinos afins com a teologia da libertação, que desde suas paróquias organizam as chamadas “comunidades eclesiais de base” e as bases revolucionárias de massa, com fortes laços clandestinos com sacerdotes internacionais, cujos nexos chegaram até a intrigar no Vaticano para que na visita do Papa Francisco à Colômbia, ele abençoasse as conversações de Santos com o ELN.

12. Do mesmo modo o ELN tem sociólogos, engenheiros petroleiros, pedagogos e outros profissionais de disciplinas universitárias, que interpretam muito bem a linha revolucionária terrorista do ELN, que têm impresso um selo desviado do catolicismo violento, mas que além disso manipulam contatos internacionais para esconder dinheiro em paraísos fiscais, fazer lobby e multiplicar em cenários políticos e acadêmicos internacionais, o que denominam a “justeza de sua causa”.

 

13. Por estratégia integral, há células do ELN incrustadas em sindicatos petroleiros, sindicatos oficiais, magistério, universidades públicas, colégios oficiais de nível secundário e congregações religiosas. Note-se que os terroristas do MRP ou rede urbana do ELN são estudantes universitários, docentes e profissionais diplomados em centros de educação superior, mas a hipocrisia e a dupla moral de “aqui não acontece nada” e “conveniências politiqueiras” escondem essa realidade.

 

14. O exposto acima indica que o ELN não está interessado em concretizar nenhum acordo de paz com Santos, tal como disseram seus cabeças há dois anos na Venezuela no início dos encontros com os delegados do governo colombiano, e os escritos na web do grupo terrorista corroboram, nos quais afirmam que se está EXPLORANDO a possibilidade de traçar uma rota para a paz, quer dizer, a paz comunista que significa governo marxista-leninista na Colômbia.

15. O ELN está jogando com o afã protagônico de Juan Manuel Santos com o conto da paz. Sabem que Santos deseja terminar seu governo para dedicar sua ilimitada vaidade em viajar pelo mundo com o fim de tirar lucro econômico de seu imerecido Prêmio Nobel, cobrando conferências caras nas quais se auto-apresentará como um salvador da paz na Colômbia. Portanto, o pressionam para que ceda e ceda, com a aquiescência cúmplice do Congresso da República, ente inferior ao desafio histórico que lhe correspondeu assumir.

16. O terrorismo do ELN não se estende só à Venezuela mas ao Equador. A Colômbia deve ser cautelosa com a atitude de aparente amizade de Lenin Moreno. Este mandatário é marxista-leninista, comunga da mesma linha ideológica de Rafael Correa que desde o movimento político equatoriano Alianza País apoiou o terrorismo comunista contra a Colômbia, e tem muitos cúmplices das FARC entre os militantes desse grupo político no país vizinho. As diferenças entre Correa e Moreno nem são ideológicas nem de capitalismo contra comunismo: são por egos, por vaidades e por problemas de corrupção afins aos dirigentes políticos de todo o continente.

17. É óbvio que ao ser inclinado ao terrorismo comunista, a suposta boa-vontade de Lenin Moreno para que haja paz com o ELN é mais parte de uma conspiração internacional orquestrada pelas FARC e o ELN com todos os seus cúmplices, do que uma intenção genuína de paz para a Colômbia.

18. As FARC não se desmobilizaram nem muito menos renunciaram à luta armada. Estão desenvolvendo um refinado livreto do Plano Estratégico e de quebra a permissividade de Rafael Correa e alguns de seus co-partidários com as FARC na fronteira colombo-equatoriana, já trouxe o primeiro atentado terrorista desastroso em Esmeraldas. E o pior é que virão mais ações similares. Os comunistas armados são iguais aos islâmicos: só vêem lucros políticos na violência, mesmo que o repúdio público lhes diga o contrário.

19. As milícias populares do ELN e as milícias bolivarianas das FARC, mais um importante grupo de terroristas supostamente desmobilizados, estão na Venezuela treinando e integrando os comitês de defesa da revolução chavista. São parte integral da subsistência da ditadura de Maduro.

20. Não se pode demonizar os milhares de venezuelanos que chegaram à Colômbia por culpa do regime opressivo castro-chavista. Nesse sentido é ilógico que os terroristas venezuelanos que atuam em consórcio com o ELN e as FARC, provêm desse segmento da população. É mais lógico inferir que esses terroristas venezuelanos provêm dos comitês de defesa da revolução chavista e que por sua natureza fazem parte do internacionalismo comunista, quer dizer, dispostos a ir cometer ações criminosas em qualquer parte do mundo onde a denominada “solidariedade de classe” marxista-leninista necessite deles.

21. Por sua posição geográfica, projeção geo-política, importância geo-estratégica e riquezas naturais, a Colômbia sempre foi a jóia da coroa que os comunistas internacionais ambicionam dominar, desde cuja óptica consideram que, se cai em seu poder o extremo norte-ocidental da América do Sul, sua revolução se estenderá ao Centro e América do Sul com maior facilidade.

22. O que está em jogo nas próximas eleições não é a ascensão ao poder de um novo presidente, senão o futuro da liberdade na Colômbia. Em 1999 os militares e o chamado estabelecimento duvidavam que Chávez fosse capaz de converter a Venezuela em outra Cuba, e hoje o é. Parece que muitos colombianos não entenderam que a revolução comunista é um processo dinâmico a longo prazo, como tampouco entenderam o que é o ELN e o que ele pretende.

 

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