Paraguai: Força-Tarefa Conjunta alerta contra EPP

Marta Escurra

A Força-Tarefa Conjunta do Paraguai (FTC), uma equipe composta de militares e policiais, está em estado de alerta máximo em sua luta contra o Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo terrorista responsável por sequestros por resgate e assassinatos.

“A luta é constante e o trabalho não cessa. Existem coisas que não tornamos públicas pela segurança das operações”, disse o tenente-coronel Víctor Urdapilleta, porta-voz da FTC. “Isso não significa que não estamos trabalhando.”

A FTC confronta um grupo terrorista composto de gangues de base familiar, como os grupos do crime organizado Bernal Maíz, Larrea e Villalba, segundo Urdapilleta.

Sequestros por resgate

As forças de segurança paraguaias lutam contra o EPP desde 2001, quando a organização era o braço armado do partido político marxista e anti-imperialista Patria Libre (Pátria Livre). O primeiro dos seis sequestros realizados pelo grupo ilegal foi o de María Edith Bordón de Debenardi, esposa de um importante empresário, em novembro de 2001. O grupo exigiu um resgate de US$ 1 milhão (R$ 2,59 milhões). O resgate foi pago e o grupo terrorista libertou María Edith depois de dois meses em cativeiro.

O grupo terrorista continuou seus sequestros por resgate. Em setembro de 2004, o grupo ilegal sequestrou Cecilia Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas Grau e da atual senadora Mirta Gusinky. Por fim, autoridades da lei encontraram o corpo de Cecilia em uma cova na periferia de Assunção, apesar do pagamento de um resgate de US$ 350.000 (R$ 906.500). Os sequestradores justificaram o assassinato alegando que o pagamento não havia sido um resgate, mas uma “multa para os pais de Cecilia”.

Em 2008, o grupo ilegal mudou seu nome para Ejército del Pueblo Paraguayo, ou Exército do Povo Paraguaio (EPP).

Naquele mesmo ano, o EPP sequestrou o fazendeiro Luis Lindstron, que ficou em cativeiro de 21 de junho a 12 de setembro, quando sua família pagou um resgate. Em 2013, Lindstron foi morto, supostamente pelo EPP. Agentes da lei suspeitaram que o EPP matou Lindstron porque ele se recusou a pagar uma “taxa” ao grupo terrorista.

O EPP continuou a cometer sequestros por resgate.

Em 2 de abril de 2014, o EPP sequestrou Arlan Fick, 16 anos. Seu pai, Alcido Fick, pagou US$ 500.000 (R$ 1,295 milhão) pelo seu resgate. O grupo terrorista manteve Fick em cativeiro por 267 dias e libertou-o no Natal. Apesar de a FTC não o ter resgatado, ajudou a garantir que fosse libertado em segurança.

“Não podemos alegar que libertamos Arlan Fick, mas podemos dizer que, graças a ações que tomamos e outras ações extremas que não tomamos, ele foi libertado”, disse Urdapilleta.

A FTC confronta a ACA

Além de lutar contra o EPP, a FTC confronta um ramo do grupo terrorista, a organização chamada Associação dos Campesinos Armados (ACA). Esse grupo, que surgiu em 2014, opera na região norte do país.

Em 6 de janeiro, tropas da FTC e da polícia estavam em patrulha no distrito de Horqueta, no Departamento de Concepción, quando tentaram capturar o líder da ACA, Albino Ramón Jara Larrea. Ele resistiu à prisão e a FTC o matou, além de outra líder da ACA, Rosalba Moraez. Os dois membros da ACA transportavam dinheiro em moeda local no valor equivalente a US$ 12.000 (R$ 31.000)

A FTC reuniu dados de inteligência sobre a ACA que ajudarão na luta contra o grupo terrorista.

“O conhecimento que adquirimos sobre seu comportamento, métodos de gestão, suprimento de alimentos, tipo de equipamentos e outros dados fornecem muito material para análise para projetar estratégias mais eficientes para localizá-los”, disse Urdapilleta.

Forças de segurança também obtiveram grandes avanços na luta contra o EPP, segundo o coronel Jorge Mieres, diretor da Divisão de Comunicação Social (DICOSO) do Exército. Nos últimos anos, a o Ministério Público condenou 46 indivíduos que confessaram ser membros do EPP.

Policiais e militares continuam trabalhando para garantir a libertação do sargento-mestre da polícia Edelio Morínigo, sequestrado pelo EPP em 5 de julho de 2014. O EPP não exigiu resgate e, em vez disso, propôs uma troca, oferecendo a liberdade de Morínigo pela soltura de 46 membros do EPP condenados à prisão.

O governo rejeitou a ideia. “O governo não vai negociar com terroristas”, disse o ministro do Interior, Francisco de Vargas, em 25 de dezembro em conversa telefônica com o Telefuturo (Canal 4).

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