Angola mira os aviões regionais da Embraer


Júlio Ottoboni
Exclusivo DefesaNet


O ministro angolano dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, afirmou nesta semana, em Luanda, que o setor dos transportes aéreos desempenha um papel chave na economia, ao promover a ligação de Angola ao mundo, facilitando o comércio global, investimento e manutenção de uma importante conexão permanente com a ocupação territorial.

 A afirmação foi feita na abertura da Primeira Conferência Sobre Aviação Civil, sob o tema "O relançamento da aviação civil em Angola". E isso se deve a interesse em aproximar-se da indústria aeronáutica brasileira, como já foi aventado algum tempo atrás, inclusive uma possível montagem de uma unidade de manutenção e reparação.

As declarações trazem embutidas o esforço de uma aproximação do Brasil, particularmente da Embraer, para aquisição de aeronaves e também sobre estudos de possibilidade de se ter uma unidade da ex-estatal brasileira em solo angolano. O governo brasileiro vê com simpatia essa possibilidade e estaria interessado em intermediar as ações.

O ministro referiu que o setor aéreo aumenta a produtividade das empresas nacionais, encorajando a inovação, reduzindo os seus custos de logística e, aumentando o acesso ao "know-how" internacional. O Brasil tem sido um dos principais parceiros comerciais de Angola nos últimos tempos e uma série de empresas brasileiras estão instaladas no país, o que facilitaria uma aproximação do setor aeronáutico nacional.

Salientou, o ministro, que o setor cresce de forma acelerada e a conectividade medida em número de destinos servidos tem aumentado a ritmo elevado. O que tem permitido haver hoje um conjunto de recursos humanos com alguma formação no segmento aéreo, tomando partido do forte investimento realizado que resultou na criação do Instituto Superior de Gestão Logística e Transporte.

O ministro ainda destacou que o Novo Aeroporto de Luanda consumiu investimentos na casa de US$ 4 mil milhões e é o maior empreendimento aeronáutica do país, o que permitirá quadruplicar a capacidade aeroportuária de Luanda, passando a atender 3,6 milhões de passageiros anuais. A capital do país passará a dispor de um dos maiores aeroportos da África subsaariana.

Ele reforçou que esse esforço é fundamental para se ter uma infraestrutura que será uma peça chave para posicionar Luanda como um "hub referência do setor aéreo na região”, mas não é a única peça porque a materialização da capital como hub da região depende também da participação e cooperação de diversas entidades nacionais, como a ENANA e a TAAG.

Segundo o ministro, estas entidades serão capazes de criar condições operacionais necessárias aos operadores aéreos privados. Acrescentou que alguns desafios estruturais continuam a limitar as oportunidades para os operadores do segmento aéreo, os elevados custos de operação, aliados a uma inadequação da frota, e a reduzida procura na maioria das rotas levam a que a operação doméstica apresente indícios de insustentabilidade financeira.

Augusto da Silva Tomás disse que o mercado se encontra excessivamente fragmentado, com a existência de diversas companhias privadas de reduzida dimensão, resultando numa fragilidade da operação privada, que ao longo dos últimos anos conduziu a diversas falências no sistema operacional aeronáutico. E urgente rever o modelo de operação doméstica.

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